Cauby Peixoto - Foto Marco Aurélio Olimpio 2011Dizem que quem é rei não perde a majestade. Cauby Peixoto confirma a máxima. Com mais de 60 anos de carreira, ele mantém vivo o mito de um dos maiores intérpretes da música brasileira, cuja história remonta da era de ouro do rádio. Seja pela voz grave e macia, cujos maneirismos já geraram dezenas de imitações, seja pelos figurinos sempre de muito luxo, brilho e colorido, por onde passa, Cauby chama a atenção. Sempre tem alguém que lhe dirige um elogio, pede uma foto ou entoa um trechinho da eterna Conceição, clássico de Dunga e Jair Amorim.

Para compensar e atender a tantos que querem lhe ouvir, Cauby se mantém na estrada como um operário eu não pode nunca faltar ao trabalho. Aos 82 anos (completados no dia 10 de fevereiro), o cantor niteroiense vive uma de suas fases de maior produção. Somente nos últimos 10 anos, foram lançados 11 trabalhos inéditos, entre tributos, projetos ao vivo e parcerias. Some a esse número duas caixas reunindo 10 discos lançados 1968 e 1995, mais duas coletâneas de raridades. Se acrescentar a essa lista todas as recentes participações em discos de amigos ou tributos, fica claro que o que mantém esse intérprete vivo é a música.

“É a única coisa que ele gosta de fazer”, confirma a amiga e empresária Nancy Lara, sempre ao lado do cantor. Em Fortaleza para a comemoração dos 84 anos do clube Náutico Atlético Cearense, Cauby faz um apanhado de grandes sucessos desta longa carreira, que vai de clássicos do samba-canção, boleros e bossas, até standarts inesquecíveis da música internacional, entre os quais, o próprio destaca New York, New York (John Kander/ Fred Ebb). “Eles (público) gostam quando eu canto”, explica Cauby vencendo o cansaço da viagem de São Paulo até o Ceará em uma rápida conversa no hall do hotel.

caubypeixoto-artepluralTambém faz parte do show dessa noite, o repertório do seu mais novo trabalho, Minha serenata. Gravado em maio de 2012 no Teatro Fecap, o disco traz 12 canções que se irmanam pelo tom seresteiro, entre elas Eterno rouxinol (Sueli Costa/ Abel Silva), De volta pro aconchego (Dominguinhos/ Nando Cordel), Lábios que eu beijei (Leonel Azevedo/ J. Cascata) e Chão de estrelas (Silvio Caldas/ Orestes Barbosa). Lançado pela gravadora Lua Music (casa que tem abrigado os bons últimos trabalhos de Cauby), Minha serenata vem dois anos depois do luxuoso pacote triplo O Mito, que incluía um disco ao vivo com participações, um tributo aos Beatles e um acústico de voz e violão.

Apesar das limitações de locomoção e da pouca audição, Cauby Peixoto não dispensa a vaidade e não nega convites para cantar. “Eu gosto de cantar. Cantando, eu não me canso”, celebra o artista que já está preparando mais um disco. Pela quarta vez na carreira, ele vai dividir o estúdio com Ângela Maria. “E com orquestra”, comemora. O dueto já está com o repertório escolhido e deve ser lançado no próximo mês. “É uma série de canções bonitas de homem para mulher. A Ângela canta pra mim e eu canto para ela”, adianta sem revelar muita coisa. No entanto fica claro que, apesar das limitações, a aposentadoria não faz parte dos planos deste artista. O público agradece.

Serviço:
O quê: Cauby Peixoto celebra suas seis décadas de carreira num show de sucessos. Participações de Nereu Rivera, Fagner e Almir Bezerra (ex-Fevers).
Quando: hoje (8), às 21h
Onde: Clube Náutico (Av. Abolição, 2727 – Meireles)
Quanto: R$ 480 (Sócio Vip), R$ 600 (Não Sócio Vip), R$ 400 (Sócio Normal), R$ 480 (não sócio normal). Os valores se referem a mesas de quatro lugares. Não serão vendidos ingressos individuais
Outras info.: 30816101

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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