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O nono disco de Carlos Careqa, Made in China foi concebido, dirigido e co-produzido pelo próprio artista. Foi também pago totalmente do seu bolso. Como se não bastasse, das 14 faixas compostas ao violão, apenas duas trazem parceiros. Depois de escritas, as músicas foram entregues ao produtor Marcio Nigro, que dissecou-as, colocou baixo, teclado e outros instrumentos em cima e deixou-as prontas para serem lançadas. No fim das contas, o que deveria ser um registro apressado e caseiro de um compositor em constante batalha pela defesa das próprias ideias, virou uma obra pop e inteligente que coloca em cheque a profissão de cantor e compositor. Parte provocador, parte filosófico, parte irônico, Made in China apresenta um Carlos Careqa de 51 anos disposto a rever seus próprios conceitos, sem abrir concessões. “Calma alma, que um dia a gente voa e todos vão bater palma. Desarma que é melhor. Desapega que é mais sábio”, sugere em Calma alma, guiada por uma trama de vozes. Em resposta ao ocaso que os meios de comunicação lhe dedicam, Careqa apresenta Mídia. “Óh, mídia, no dia em que te conheci, acreditei que seria feliz, investi tudo que tinha”, desabafa antes de encerra de vez o relacionamento que já nasceu acabado. No entanto, como o namorado que quer se mostrar mais forte depois do término, ele diz em Sou um moinho: “Sou um moinho de ideias, minha mãe me ensinou a pensar”. A faixa que dá nome ao disco é uma brincadeira sobre os tempos de globalização, onde o “macintosh tem sangue chinês” e “tudo é made in China”. Made in China, o disco, também é onde vem a tréplica para Chico Buarque, com quem havia trabalhado no disco Alma Boa de Lugar Nenhum (2011). Em seguida, Chico lhe dedicou Rubato. Agora, Ladro traz uma nova resposta para o carioca. Para o catarinense, cada canção é uma chance de mostrar uma nova ideia. Especificamente nesse novo trabalho, é a própria música que vai para o tribunal. Expondo argumentos de forma clara e objetiva, ele se mostra um artista inquieto em Made in China. Sem singles ou música de trabalho, Made in China é apenas uma carta aberta a quem se dedica a fazer músicas e acha que isso se encerra com a assinatura de um contrato.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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