biquini2013Na indústria fonográfica, tempo de estrada nunca foi garantia de facilidades. Mesmo aqueles que já contam bons anos de estrada, ainda precisam suar a camisa e inventar meios de manter seus trabalhos vivos. Um exemplo disso é o Biquini Cavadão, grupo carioca nascido em meio à enxurrada de bandas da geração oitentista. Próximo de completar 30 anos do disco de estreia (Cidades em torrente, 1986), eles se viram numa encruzilhada na hora de lançar seu 14º trabalho, Roda-Gigante (Warner).

Certos das dificuldades impostas pelo cenário musical, eles até pensaram em não lançar mais discos. A ideia era liberar músicas soltas através da internet e trabalha-las individualmente nos shows. E assim foram fazendo com algumas faixas, até perceberem que aquela “invenção” já não era tão nova. “Só depois percebemos que aquela coisa ‘moderna’ tinha uma referência de 50 anos pra trás, pois era como os Beatles faziam. Decidimos, então, completar o álbum”, explica o vocalista Bruno Gouveia, em entrevista por telefone.

Biquini-Cavadão-Roda-Gigante-Álbum-Capa-2013Roda-gigante, então, ganhou esse nome como uma forma de ilustrar os altos e baixos que um artista tem que cruzar para seguir trabalhando. No caso dos pontos altos, o Biquini tem em favor próprio uma história longa, repleta de sucessos, e uma formação sólida que resistiu ao tempo. Além de Bruno, permanecem, desde o início, Carlos Coelho (guitarra), Miguel Flores (teclado) e Álvaro Birita (bateria). Apenas o baixista Sheik abandonou o barco (em 2000). “Claro que o Biquíni se orgulha muito dessa união. Nunca fez disco solo por que sempre achei que a banda supria minhas necessidades”, reforça o cantor.

Dessa união de tantos anos, surgiu um som que é “a cara do Biquini” e que também se faz presente em Roda-Gigante. Entre baladas românticas e rocks cheios de crítica social, o disco produzido por Carlos Coelho e Marcelo Magal (baixista contratado da banda) traz como novidade uma parceria com Lucas Silveira, vocalista do Fresno, também convidado para cantar em Acordar pra sempre com você. “A ideia de fazer alguma coisa junto com o Lucas veio no palco do Ceará Music”, lembra Bruno, um veterano do festival.

O disco traz ainda uma versão de Agora é moda, canção de Rita Lee e Lee Marcucci lançada no disco Babilônia. “É uma música de 1978, mas que veste a carapuça de hoje”, explica Bruno que convidou Rogério Flausino, vocalista do Jota Quest, para dividir a faixa. “A versão da novela (Ti Ti Ti) foi feita a toque de caixa. Inicialmente pensamos num remix, mas acabou nascendo um novo arranjo. E pensamos no Flausino, que é de outra geração”. De olho no filão da Copa do Mundo, eles até entram na disputa por um hino para o evento. Com batucadas, sopros, guitarras distorcidas e vozes em coro, a aposta da banda é composição própria chamada É dia de comemorar, com versos que dizem “posso não ter dinheiro pra gastar, mas tenho mil motivos pra sorrir. É dia do meu time ganhar”.

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Para além da música, a novidade que o grupo buscou para esse novo trabalho está no formato. Além do disco tradicional, Roda-Gigante está sendo disponibilizado pelo I-Tunes em pen-drive. Nesses formatos, os fãs podem ter acesso ainda a faixas demo, clipes e informações extras. “Esse tipo de inclusão digital é típico da gente. Isso faz com que as pessoas possam ouvir de várias formas. Cada disco que fazemos, procuramos uma forma nova de dividir com as pessoas”, explica o vocalista, que não nega disposição para mais 30 anos de música. “A roda gigante do Biquíni está só começando a girar”.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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