bob dylan press 1 .jpgExistem muitos motivos para admirar Bob Dylan e 44 deles chegam hoje às lojas do mundo no formato de um belo presente de Natal. The Complete Album Collection Vol. One reúne numa única caixa 35 discos de estúdio do compositor de Minnesota, mais seis discos ao vivo e uma coletânea dupla. O projeto luxuoso ganha ainda um livro encadernado em capa dura com comentários do escritor inglês Clinton Heylin – autor de livros sobre Bruce Springsteen, Van Morrison e o próprio Dylan – e introdução de Bill Flanagan, produtor americano de TV.

Como não poderia deixar de ser, um projeto deste tamanho não custaria menos que os olhos da cara. Já disponível para compra no site do artista, no Brasil ela será vendida por R$ 688,27. Mais R$ 108,14 de frete, o produto sai por R$ 796,42 (esse R$ 0,01 a mais, o site não explica). Há ainda uma versão alternativa, em formato digital vendida num cartão USB. Este custa R$ 786,61 com frete de R$ 108,14. Valor total: R$ 894,75. Pra dar um charme, o cartão vem protegido numa caixinha em formato de gaita.

Independente do quanto seja necessário coçar os bolsos para levar tanto Bob Dylan para casa, o fato é que The Complete Album Collection Vol. One traz um dos capítulos mais gloriosos da música popular internacional. O box abre com Bob Dylan, álbum inaugural de 1962, que apresentava a voz anasalada, a gaita e o violão Robert Allen Zimmerman ao público. É deste álbum Song to Woody, homenagem ao cantor folk Woody Guthrie, grande ídolo do Bob. Para fechar, o box traz o recente Tempest (2012), dessa vez com homenagens a John Lennon (fã incondicional de Bob) e ao afundado Titanic. Dos 41 álbuns, 14 foram remasterizados. Entre eles, Saved (1980) e Knocked Out Loaded (1986).

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Entre o primeiro e o último álbum, The Complete Album Collection Vol. One traz alguns muitos clássicos, que cruzaram as fases acústica (The Freewheelin’ Bob Dylan) e elétrica (Highway 61 Revisited) do poeta, que hoje conta 72 anos. Nesse intervalo, o mundo se transformava irreversivelmente, e ele acompanhava o fluxo das mudanças se transformando junto. Se antes ele foi reconhecido como o messias da revolução, o arauto das mudanças, depois foi execrado pelos fãs mais xiitas, acusado de traição, por ter se entregado ao rock elétrico. Certo das próprias escolhas, ele só seguia como uma pedra rolando.

Para encher ainda mais os olhos, a caixa traz uma seleção de 30 canções que ficaram espalhadas em trabalhos avulsos. Entre elas está uma versão ao vivo de Isis, do álbum Desire (1976), e When I paint my masterpiece, lançada pelo The Band. A coletânea dupla lembra a série de bootlegs, que este ano chega ao seu 10º volume. O projeto de faixas raras e gravações alternativas revela um homem que nunca teve medo de se mostrar para o público. Parafraseando a capa de Self Portrait (1970), o disco triplo batizado de Another self portrait vem um pacote nada modesto de 52 músicas. Agora, se dinheiro não for problema, é possível sonhar com a guitarra que Bob Dylan usou no antológico Newport Folk Festival, de 1968, onde foi chamado de Judas por ter eletrificado seu som. O instrumento está sendo leiloado por um valor entre 300 e 5000 mil dólares. E aí, vai encarar?

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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