periclescavalcantifrevoxBem antes de ganhar o belo tributo Mulheres de Péricles (Joia Moderna), Péricles Cavalcanti já pensava em se aproximar dos novos representantes da música brasileira. Por isso, desde 2010, ele vem trabalhando em um projeto, que, em termos, pode ser visto como um disco colaborativo. Digo em termos, por que Frevox (Deledela/ Pommelo) é um disco de compositor, autoral e com a personalidade múltipla do anfitrião. Longe de parecer um caça-níquel que se escora em participações famosas, trata-se de um disco de forte particularidade. Curiosamente, boa parte dos nomes convidados por Nina Cavalcanti, filha de Péricles, para figurar em Mulheres de Péricles já estavam cotados para entrar em Frevox. “Fiquei impressionado e contente com a sintonia de seu projeto com o disco que eu já vinha gravando”, comenta o compositor em carta enviada à imprensa.

Pensado como um “pregão pop, plural e abrangente”, segundo o próprio Péricles Cavalcanti, Frevox se alinha e reforça a história de um compositor que sempre correu paralelo ao sucesso. Autor de canções famosas, interpretadas por gigantes da música brasileira como Caetano Veloso, Cássia Eller e Gal Costa, o carioca de 66 anos é um intérprete discreto da própria obra. Apesar, por outro lado, de ser bem eficiente neste ofício. Certo de que seu lugar na música já está garantido, ele sabe ousar e dar sua cara à voz que tem.

E é justamente nessa gangorra que pende, ora para a fama, ora para o desconhecimento, que ele começa Frevox. “Sou apenas mais um Péricles, entre muitos outros Péricles”, desdenha em Entre muitos outros, onde elenca DJs e o vocalista do Exaltasamba. Esta é uma das quatro faixas, entre 18, que ele figura sozinho. Nas demais, passeiam Karina Buhr, Cachorro Grande, Leo Cavalcanti, Tiê, Arrigo Barnabé, Iara Rennó e muitos outros. Um destaque especial para o sempre genial (vale até a rima) Lanny Gordin, mítico guitarrista da Tropicália. É dele a guitarra lancinante de Cínico e canalha.

Como Péricles Cavalcanti não pretende vender milhões de discos a qualquer preço, é preciso abrir o disco e ler a ficha técnica para localizar tantos convidados. É que o destaque é para ser dado ao nome deste indescritível compositor, que merecer ser sempre desvendado por quem tem respeito pela música brasileira.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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