AxlNa mitologia do rock, muitos personagens ficaram famosos por conta mau comportamento. Doses cavalares de drogas, orgias monumentais, brigas sangrentas e camarins destruídos povoam a história de figuras como Jim Morrison (1943 – 1971), Freddie Mercury (1946 – 1991) e Janis Joplin (1943 – 1970). Até um incidente envolvendo uma prostituta e um peixe está atravessado na biografia do Led Zeppelin. No entanto, nos anos 1980, os roqueiros com cara de bandido foram ficando presos em justas calças coloridas e penteados exagerados. Se, por trás das câmeras, a vida de rockstar ia muito bem (obrigado!), na frente da TV, alguns passaram a posar de bons moços.

Foi então que uma turma da Califórnia chegou chutando o pau da barraca e convidando o público para voltar à selva. Axl Rose, Izzy Stradlin, Saul “Slash” Hudson, Duff McKagan e Steven Adler formavam o Guns N’ Roses, banda que chacoalhou a segunda metade dos 80 com uma mistura de riffs vigorosos, gritos lancinantes e um festival de polêmicas a cada nova aparição pública. No currículo, além de um passado como traficantes e cafetões, e problemas com a justiça, eles traziam um novo fôlego para o rock que estava inundado de teclados e programações. Parecia que os bons tempos estavam de volta.

Quase 30 anos e seis discos depois, muita coisa aconteceu ao Guns N’ Roses. Despedaçado e reconstruído várias vezes pelo vocalista Axl Rose, o grupo atravessou diversas formações, mas se manteve na ativa durante esse tempo. Fora o cantor, apenas o tecladista Dizzy Reed, que entrou em 1990, está na banda que encerra uma turnê de nove paradas pelo Brasil com um show esta noite em Fortaleza. Desde o último dia 6, quem também se integrou à turnê foi o baixista Duff McKagan, substituindo o atual Tommy Stinson, que está compromissado com a banda The Replacements, da qual também faz parte. Até segunda ordem, Duff também vem ao Ceará.

Encontrar com Axl, Duff e Dizzy no mesmo palco é o máximo que os fãs podem esperar do novo Guns N’ Roses. Hoje a banda é formada por DJ Ashba (guitarra), Richard Fortus (guitarra), Ron “Bumblefoot” Thal (guitarra), Chris Pitman (teclado) e Frank Ferrer (bateria), além de Stinson. E foi esse time (mais outros nomes) que encerrou as gravações Chinese democracy, álbum que entrou para a história pelo seu longo período de gestação. O disco, que fechou (até agora) a discografia do Guns, começou a ser composto em 1994, logo após o estouro de Use your illusion, mas amargou num limbo até 2008, quando de fato viu a luz.

Axl Confetti

O longo tempo para completar os trabalhos de Chinese democracy é só mais um capítulo do grande livro de histórias do rock. Certo de que contribui com afinco na produção de material para este livro, Axl Rose vive sua vida de rockstar da mesma forma que vivia quando o Guns estava no auge. Atrasos gigantescos, encrencas com o público (inclusive na hora do show) e agressões a membros da imprensa continuam alimentando o mito do vocalista. A voz hoje é motivo de discussão, mas ele segue espalhando hinos como Welcome to the jungle, Sweet child o’mine e Patience. O sex symbol que fez muita garota suspirar nos anos 90, hoje, é um homem de 52 anos, com alguns quilinhos a mais, que já não aparece mais com shortinhos colados. No entanto, Axl ainda pode se orgulhar de ser um artigo cada vez raro: um roqueiro com fama de mau.

Serviço:
Guns N’ Roses
Quando: quinta-feira (17). Abertura dos portões às 20h
Onde: Centro de Eventos do Ceará (Av. Washington Soares, 999 – Edson Queiroz)
Quanto: R$ 100 (pista – meia), R$ 200 (pista – inteira), R$ 350 (Paradise Frontstage – 3 fichas de cerveja) e R$ 500 (Camarote Level1 – open bar). À venda na Zefirelli (Iguatemi e North Shopping) e pelo Blue Ticket
Outras informações: 3264.8091

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles