QUINTETO AGRESTE 2Naquele longínquo 1974, a música cearense vivia uma época de grande inspiração e reconhecimento. A turma conhecida como Pessoal do Ceará estava lá pelas bandas do Sudeste, cantando, compondo, gravando e, com muito esforço, ganhando o respeito. Enquanto isso, por aqui a produção seguia com mais gente se interessando em criar melodias cada vez mais voltadas para a cultura e realidade local. Foi nesse cenário que nasceu o Quinteto Agreste, grupo vocal e instrumental que revolveu a terra seca do sertão para tirar um som que parecesse com seu povo.

Nesses 40 anos de estrada, o grupo viveu muitos momentos marcantes, mudou a formação, gravou discos e se apresentou para as mais variadas plateias. Para resumir um pouco dessa história, o Quinteto Agreste conversa esta noite, às 19h, com o jornalista Nelson Augusto, no projeto Entrevista Aberta. O bate-papo, que conta também com um pocket-show, é aberto ao público e acontece no Espaço O POVO de Cultura & Arte.

Hoje, o Quinteto Agreste conta com Mário Mesquita (vocal e violão 12 cordas), Tarcísio Lima (vocal, violão e baixolão), Makito Vieira (vocal, bandolim, sanfona e rabeca), David Silvino (vocal e violão) e Ademir do Vale (percussão). Membro efetivo desde a formação original, Tarcísio não economiza elogios para apontar esta como a melhor formação do grupo. “Temos a grande oportunidade de ter cinco compositores, incluindo os dois meninos do grupo (se referindo a Makito e David). Eles já são excelentes compositores e dentro da linha da música nordestina. Isso pra nós, essa juventude, é algo extremamente importante”, explica o músico.

A ideia de montar um grupo de música nordestina nasceu de um trio de jovens cearenses convidado para tocar na Regata Dragão do Mar, em 1973. No ano seguinte, depois de ganhar mais dois integrantes, eles participaram de festivais, cantaram pelo Brasil e foram responsáveis pelo primeiro trabalho independente feito por artistas cearenses, o LP Sol maior, gravado nos estúdios Transamérica (RJ) e lançado em 1982. Para Tarcísio Lima, Entrevista Aberta_Grupo Agresteentre tantas histórias, não há por que destacar uma só. “Em minha maneira de ver, o que há de mais relevante é participar desse movimento. Não teve um momento que seja motivo de mais orgulho. Participar dessa construção é que é grande desafio e a grande coisa boa”.

O trabalho proposto pelo Quinteto Agreste procura ir além da música, agregando outros elementos da cultura cearense como teatro e poesia. E é atento a isso que hoje o grupo “sonha” um novo disco, dessa vez cantando o poeta Patativa do Assaré (1909 – 2002). “A gente já estabeleceu laços enquanto ele estava vivo. Muitas composições dele foram musicadas pelo Mário (Mesquita), a ponto de nos inspirar a gravar esse trabalho pelos 100 anos desse grande nome da cultura cearense”, adianta Tarcísio, ainda sem mais detalhes sobre o projeto. Até que ele fique pronto, o Quinteto segue fazendo shows alusivos aos seus 40 anos de estrada. “É um prazer muito grande trabalhar numa semeadura e numa colheita de arte que reverencia nossa cultura. A coisa de ser nordestino, ser cearense, é um ponto de ufanismo. É a arte que a gente admira”.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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