Mimi Rocha - Foto DivulgaçãoÉ bem pouco provável que alguém que acompanhe a noite musical cearense ainda não conheça Mimi Rocha. Guitarrista, violonista, arranjador, produtor, ele já dividiu o palco com todo mundo, de Fagner a Arthur Menezes, passando por Mona Gadelha, Rodger Rogério, Ednardo, Cazanne e a banda Renegados. Com o mesmo sorriso, que já virou uma marca tão forte quanto o dedilhado, ele trafegou por todas as épocas da música local, dando suporte a quem está no centro do palco. Essa ordem vai mudar um pouco esta noite, quando o músico apresenta seu disco de estreia no Centro Dragão do Mar. O show vai ser gravado para ser lançado em DVD.

Esse primeiro trabalho autoral, chamado Bom de ouvir, revela no título a ideia de Mimi. Sem os arroubos de solistas ou longos e atléticos dedilhados, ele simplesmente reuniu nove canções em oito faixas e fez um disco “para mulher ouvir”, segundo a própria definição. “Fui na contramão de um disco de instrumentista, por que não tem muita improvisação. Eu queria mostrar mesmo o lado compositor. A maioria (das músicas) segue o estilo de uma canção e podem até ganhar letra de um Fausto Nilo, por exemplo”, explica o músico.

A única exceção a essa regra de simplicidade é a inusitada mistura de Purple haze, do mestre Jimi Hendrix, com Lambada complicada, do não menos mestre Aldo Sena. Com arranjo do próprio Mimi, a faixa nasceu por acaso, a caminho de um show aberto em uma Capa CD Bom de Ouvir - Mimi Rochaperiferia de Fortaleza. Buscando algo que aproximasse mais a apresentação do público, ele lembrou deste clássico brasileiro da guitarrada. Na hora de tocar, o riff lisérgico de Hendrix também surgiu e Mimi achou que a brincadeira daria um caldo interessante. “Quem ouviu até agora gosta. É a mais animada do show”, acrescenta.

Além do pot-pourri, Bom do ouvir presta homenagem ao músico Manassés de Sousa (Crianças) e uma ideia do que seria o pianista Lyle Mays tocando baião ao lado do guitarrista Pat Metheny (Baião pra Lyle e Pat). A banda que acompanha Mimi Rocha é formada amigos que já estiveram ao seu lado em vários projetos. Entre eles, Herlon Robson (teclados), Hoto Jr. (percussão) e Nélio Costa (baixo). O disco traz ainda participações especiais do guitarrista Cristiano Pinho, do maestro Spok, do sanfoneiro Adelson Viana e do guitarrista Nando Lauria, que já integrou a banda de Pat Metheny.

Embora seja o primeiro disco como compositor, Mimi Rocha lembra que já compõe desde que começou a tocar o violão da irmã, ainda na adolescência. Nos anos 1980, ele voltou a exercitar esta veia, quando integrou a banda Latim em Pó. No entanto, só assumiu a autoria de fato quando foi para São Paulo, onde morou por seis anos. Influenciado pelos grandes guitarristas brasileiros da sua época, gente como Pepeu Gomes e Armandinho, bem como pela música barroca, ele lembra que já pensa nesse primeiro disco há muito tempo, mas acabou deixando de lado para investir em outros projetos. “Acho que vem na hora certa de maturidade. Se tivesse vindo antes, talvez tivesse me arrependido. Agora eu digo que abriu a porteira”, adianta o músico que já tem planos para um segundo disco, que deve nascer em breve.

Serviço
Bom de Ouvir – Mimi Rocha
Quando: nesta quarta-feira (30), às 20h
Onde: Teatro Dragão do Mar (Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema)
Quanto: R$ 10 (meia) e R$ 20 (inteira). O disco será vendido a R$ 20 na Desafinado, Livraria Cultura e Livraria Saraiva.
Outras informações: 3488.8602

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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