Fotos de Alex Ribeiro

Fotos de Alex Ribeiro

Na comemoração dos 35 anos de carreira fonográfica, Elba Ramalho ganhou de presente um projeto onde pode costurar muitos afluentes da sua arte. Mais do que uma seleção dos sucessos acumulados ao longo das décadas, Cordas, Gonzaga e Afins é um trabalho em que a cantora reaviva sua porção atriz, algo, inclusive, que nasceu nela antes da música. Em paralelo à própria história, a paraibana ainda celebra Luiz Gonzaga (1912 – 1989), mestre maior que resume e justifica sua trajetória.

O presente veio da produtora cultural e jornalista Margot Rodrigues, que quis homenagear Luiz e Elba num mesmo momento. “Achei maravilhoso por que não nasceu de mim”, comemora a cantora, que apresenta Cordas, Gonzaga e Afins esta noite no Centro Dragão do Mar. No lugar da “Tina Turner do sertão”, o público vai conferir uma “Maria Callas mestiça”, cercada pelos grupos instrumentais SaGRAMA e Encore, e pelos músicos Tostão Queiroga (baterista), Beto Hortis e Marcelo Caldi (sanfonas). A apresentação conta ainda com textos do dramaturgo Newton Moreno e imagens do VJ Gabriel Furtado.

Cordas, Gonzaga e Afins 01- Fotos de Alex RibeiroPor telefone, Elba Ramalho explica que Cordas, Gonzaga e Afins não foi um show pensado para dançar, apesar de saber que isso é inevitável. “É pra assistir e viajar junto com a gente. Se o público quiser, até canta junto. A primeira parte é mais densa, depois vai se soltando e acaba fazendo a festa do Gonzaga”, define a artista acrescentando que reunir tantos elementos no palco foi um desafio que “acabou se tornando um trabalho grandioso, rico”.

Diferente do tributo Elba canta Luiz, lançado em 2002, Cordas, Gonzaga e Afins é, na definição da protagonista, um passeio do sertão ao mar, entrecortado por canções de Luiz Gonzaga e outros compositores “iluminados” por ele, como Chico Buarque, Gilberto Gil, Tom Jobim e Chico César. Num trabalho dirigido André Brasileiro, Elba Ramalho relembra seus tempos de Morte e vida Severina, mostrando que nunca abandonou o lado atriz. “Recebi vários convites (para atuar), mas tinha uns para ficar quatro meses na Amazônia. Eu não ia perder o São João, né?”, brinca a artista que acaba de aceitar a proposta para reviver Gota dágua, de Chico Buarque e Paulo Pontes, no teatro.

Mas, antes desse convite, a cantora lança um novo disco, produzido pelo filho Luã Mattar e Yuri Queiroga, que ela adianta ser “até mais ousado” que o pop revigorante Qual o assunto que mais lhe interessa? (2007). Cordas, Gonzaga e Afins também vai ganhar registro em DVD, para ser lançado ainda este ano, o que confirma que, com 35 anos de estrada, Elba Ramalho não cansou do seu ofício. “De certo modo, vejo certos deslizes (na carreira) causados por determinadas circunstâncias. Mas, consegui me impor e impor um estilo, e me tornei uma cantora de mão cheia. Poderia ter feito um ‘Banho de cheiro 2, um 3’. Mas, não me deitei na cama e disso eu me orgulho”, se abre sem falsa modéstia. Pelo contrário. Tanto esforço é, na própria definição, um traço particular que se revela em outras atividades. “Eu não sei entrar superficialmente nas coisas. Tudo que vou fazer é assim. Se vou rezar, se vou fazer um trabalho social, se vou casar… Bem, agora eu não caso de mais”. Risos.

Serviço:
Cordas, Gonzaga e Afins”, com Elba Ramalho
Quando: hoje (6), às 20h
Onde: Praça Verde (Rua Dragão do Mar 81 – Praia de Iracema)
Quanto: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). À venda na bilheteria do Dragão
Outras info.: 3488.8600

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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