NacaoZumbi (1)O último dia de abril de 2013 reservou um susto para os fãs da Nação Zumbi. “Esclarecimento: Não vamos entrar em estúdio e não sabemos se voltamos em 2014”, determinava um post do facebook oficial da banda levantando suspeitas de um possível fechar de portas. O respiro aliviado só veio em fevereiro deste ano, com o lançamento avulso de Cicatriz. Com os batuques típicos da banda que solidificou o manguebeat, lá no início dos anos 1990, a faixa anunciou o novo álbum que chegou às lojas durante a Copa do Mundo.

Cercado de elogios, o disco Nação Zumbi será apresentado em Fortaleza, pela primeira vez, neste sábado (6), na Praça Verde do Centro Dragão do Mar. “Finalmente, né? É muito bom poder pousar em Fortaleza”, começa o vocalista Jorge du Peixe, por telefone. Ele lembra que a última vez que esteve no Ceará foi com o Los Sebosos Postizos, projeto que mantém com outros companheiros de Nação para interpretar as canções de Jorge Ben. “A gente sempre vai aí, mas é bom poder levar esse disco novo”, acrescenta com o já característico tom grave.

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Há 20 anos carregando a bandeira da música pop pernambucana pelo mundo, a Nação Zumbi acumulou sucessos, respeito e barras bem pesadas ao longo desse tempo. Basta lembrar que, em pleno auge da trajetória e com apenas dois discos gravados, a banda perdeu o frontman Chico Science num acidente de carro. Essa foi uma das cicatrizes que foram colecionando e que agora viraram música. “As pessoas começam a fazer esses links. Mas, cada faixa vai soar nos ouvidos de forma diferente. Prefiro deixar a interpretação livre”, ameniza Du Peixe.

No entanto, ele não nega que depois tanto tempo sem férias, eles precisavam de um tempo para rever os rumos. Foram sete anos sem disco de inéditas e com todos se dedicando a projetos paralelos. Du Peixe seguiu com os Sebosos e o Afrombombas. Lúcio Maia (guitarra), Dengue (baixo) e Pupillo (bateria) também fazem parte dos Sebosos e acompanharam Marisa Monte na turnê Verdade uma ilusão. Os percussionistas Toca Ogan, Gilmar Bola 8, Gustavo da Lua e Tom Rocha seguiram com outros trabalhos.

nação-zumbi-2014No retorno, pegaram faixas que vinham sendo trabalhadas nos últimos anos e reuniram no vigoroso Nação Zumbi. Mantendo o peso das alfaias, as guitarras lancinantes e uma das cozinhas mais coesas do rock nacional, o disco vai da lombrada  A melhor hora da praia (com participação de Marisa Monte) à nervosa Foi de amor. “É um trabalho de maturidade musical, onde trouxemos as melodias mais para a cara. Se a gente pode ir para várias lugares, por que ir para um canto só?”, questiona Du Peixe atribuindo essa evolução musical às informações que chegam pelo cinema, literatura, rodas de amigos e pelos muitos projetos paralelos que eles encaram.

Quanto aquele anúncio que assustou os fãs, ele diz que foi só “um grito por não fazer parte do carnaval” e que o tempo de pausa já se fazia necessário. Agora que estão de volta, eles têm shows marcados para Brasil e exterior, e se preparam para lançar o clip de Um sonho. Com as feridas cicatrizadas, eles seguem se dedicando à “nave mãe”, como Jorge chama sua Nação. “Nossa essência vem do Da lama ao caos (primeiro disco da Nação Zumbi). É subversão prezando pela diversão levada a sério”, define.

 Serviço:
Nação Zumbi
Quando: neste sábado (6), às 21h
Onde: Praça Verde (Rua Dragão do Mar 81 – Praia de Iracema)
Quanto: R$ 50 (Front Stage – meia) e R$ 30 (Pista – meia), mais R$ 2 de taxa ADM por ingresso. À venda no quiosque da Bilheteria Virtual (Shopping Del Paseo), internet e no local
Outras info.: 3261.0665

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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