IMG_7743_m (1)crop(1)Num primeiro momento, os nomes de Sammy Figueroa e Glaucia Nasser dizem bem pouco para os consumidores brasileiros de música. No entanto, ambos já acumulam alguns bons anos de carreira e reconhecimento. Ele, nova-iorquino, é percussionista e já trabalhou ao lado de gigantes como Miles Davis, George Benson, Chet Baker e Stanley Clarke. Ela é cantora e compositora mineira, com quatro discos lançados e uma carreira de respeito no exterior.

Apresentados pela força do acaso, eles se juntam no disco Talisman, lançado pela gravadora norte-americana Savant Records. Produzido por Rachel Faro, o álbum combina ritmos brasileiros com jazz latino, em 10 canções que enaltecem as notas agudas da cantora e o batuque preciso do músico. Com espaço para solos e improvisos, o disco ainda contou com a bênção do produtor Roy Cicala, que já trabalhou com gente do tamanho de Frank Sinatra, John Lennon e Aretha Franklin. Pouco antes de falecer, em 21 de janeiro de 2014, ele cedeu seu estúdio para Glaucia gravar as vozes.

Rachel, Chico, Fernando, Sammy, Glaucia, BernardoGlaucia Nasser conheceu Sammy Figueroa em Miami, quando foi convidada para abrir um show do guitarrista Chico Pinheiro. Fã do músico paulistano, o percussionista estava na plateia e acabou se impressionando com a cantora. Eles conversaram depois da apresentação e ela acabou indo visita-lo no estúdio onde ele grava um programa de rádio dedicado ao mundo do jazz. “Ele me disse que ia fazer um disco com o Chico e me convidou para cantar. Como o disco demorou, eu o chamei para fazer um show em São Paulo. Quando terminou, o convidei para fazermos um disco de música brasileira com jazz latino”, relembra a cantora, por telefone.

Talisman foi feito em apenas oito dias, aproveitando brechas nas agendas dos músicos. Além da dupla, o álbum conta com Chico Pinheiro nos violões e a participação de Bianca Gismonti tocando piano em duas faixas. A filha de Egberto Gismonti também assina a valseada E quando quero. Além dela, o disco traz composições de Glaucia Nasser em parcerias com Paulo César Pinheiro, Alexandre Lemos, Jota Velloso e Tiago Vianna. “Eu tinha algumas músicas que não foram usadas no Vambora e outras do próximo CD. Procurei coisas que colassem mais num jazz latino, fui mandando melodias para amigos e pedindo as letras”, conta a cantora revelando que o pouco tempo da produção quase tornou-se um problema. “Estava com a voz cansada. Foi tudo muito rápido”.

CapaPara ela, o clima de cooperação e diversão do estúdio ajudou a aliviar a barra imposta pela pressa. “O Sammy diz que, quando uma coisa tem que acontecer, você pode estar debaixo da cama que ela acontece”, brinca Glaucia, que já tem outros projetos em vista. Um deles é uma releitura do repertório mineiro, de Ataulfo Alves e Clube da Esquina até o Skank, apenas na viola. O trabalho está pronto esperando sua vez. Mas antes, ela pretende aproveitar mais este Talisman, que vem ganhando elogios de peso em importantes publicações de jazz. Depois de passar pelo exterior, ela e Figueroa pretendem apresentar o disco no Brasil depois do Carnaval.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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