mark-ronson-uptown-specialConhecido mundialmente pelos trabalhos com Amy Winehouse, Adele, Lily Allen e Paul McCartney, Mark Ronson lançou este ano seu quarto trabalho solo. Uptown special é uma salada sonora interessante, que bota um pé no passado e outro no presente, tendo como solo mais fértil os sons negros norte americanos. Passando pelo soul, rap e funk, o disco conta ainda com participações bacanas de gente que eu nunca tinha ouvido falar, como Mystikal, Keyone Starr e Andrew Wyatt.
O primeiro single de Uptown special foi lançado ainda em novembro de 2014 e trata-se da arrasadora Uptown funk. Com ares de Earth, Wind & Fire ou Kool and The Gang, a faixa conta com Bruno Mars em vocais alucinantes, botando pra fora uma energia que há tempos não se vê no pop internacional. É a faixa que Justin Timberlake gostaria de ter feito e nunca fez. O ritmo marcado é entrecortado por vocais de apoio, naipe de sopros e uma bateria segura. O resultado é tão empolgante que Michael Jackson ficaria orgulhoso.
Uptown funk é tão incendiária que torna-se o maior problema de Uptown special. As demais 11 faixas são boas, mas não fazem frente ao single que apresentou o disco. Tivesse três “uptown funks”, o disco de Mark Ronson seria histórico. Ainda assim, vale ressaltar que trata-se de um dos melhores discos de black music dos últimos tempos. Com os vocais da tal Keyone, I can’t lose também é bacana e lembra aqueles filmes de academia dos anos 1980. Algo entre Jane Fonda e Dirty Dancing. Também vale nota os vocais viajantes de Kevin Parker, do Tame Impala, em Daffodils e Summer breaking. Essa última até parece uma bossa nova, mas não é. Ou é? Não sei. Parece.
[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=OPf0YbXqDm0[/youtube]
A única nota realmente destoante de Uptown special fica para a participação de Stevie Wonder. Sim, o mestre dos mestres da black music faz as honras com sua gaita mágica em Uptown’s first finale e Crack in  the pearl Pt. II, respectivamente, abertura e fechamento do disco. Apesar de ser relevante até calado, Mr. Wonder parece subutilizado num disco que tenta trazer à tona o espírito dos grandes sons negros que permeiam a música internacional desde os anos 1950. Na última faixa, com arranjo viajante psicodélico, ele até se sai melhor, mas deixa uma sensação de que ficou faltando algo. Fica então a sugestão de que Ronson produza o próximo disco de Stevie Wonder. Taí uma boa ideia.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles