PaulaToller_2_Flavio#F6CB65Não existem planos para uma volta do Kid Abelha e ponto. Esse assunto parece fora de discussão para o trio que segue tocando trabalhos individuais. No caso de Paula Toller, os mais de 30 anos como frontgirl do grupo carioca vêm sendo substituídos por uma promissora carreira solo, que chega hoje a Fortaleza. Na bagagem, a bela loura traz as canções de Transbordada, quarto disco da lavra particular. Produzido pelo ex-Mutante e amigo de longa data Liminha, o álbum vem mais caloroso e agitado que seus antecessores. “É um show para cantar e dançar, bem animado”, adianta Paula, por email, sobre o clima que deve tomar da Barraca Santa Praia amanhã (18) à noite. Leia mais sobre o que Paula Toller pensa sobre mercado musical e cuidados com a saúde.

O POVO – Como será este show em Fortaleza. O que pode adiantar do repertório?
Paula Toller – Nesse show em Fortaleza, vou cantar músicas do disco novo, como Calmaí, primeiro single, Transbordada, Já chegou a hora e Tímidos românticos. E vou alternar com grandes sucessos de toda minha trajetória como Fixação, Nada sei, Oito anos, Derretendo satélites, e Deus (apareça na televisão). É um show para cantar e dançar, bem animado!

O POVO – Seus três discos solo trazem sonoridades bem diferentes, que vão do pop sofisticadíssimo da estreia a este novo, mais solar e dançante. Como você vê essa mudança de rumo?
Paula Toller – Transbordada é um disco que soma todas as Paulas anteriores. A cantora sofisticada e madura dos discos solo e a líder de banda de rock, mais moleque. É o disco do meu momento, um pop clássico com experimentações.

O POVO – Achei curioso o Transbordada contar com o ex-mutante Liminha e com o Hélio Flandres, da nova geração do rock nacional. Você acaba representando uma geração de “meio de campo”. Essa ponte entre as histórias do rock nacional foi proposital?
Paula Toller – A minha geração foi explosiva. É chamada “geração de ouro” do rock brasileiro.  No meu DNA também estão os Mutantes, mas o Liminha produziu os maiores sucessos do Kid. Então, temos uma história muito rica e conseguimos ir além, compor juntos, e foi maravilhoso. Hélio é o sangue novo do disco, convidei-o porque admiro sua voz e suas composições, e também para dar visibilidade aos bons da nova geração.

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=L0ebvMbOV7E[/youtube] O POVO – Além do Vanguart, que outros novos compositores te chamam a atenção?
Paula Toller – Estou num momento 100% estrada. Não tenho ouvido as novidades.

O POVO – Em meio à produção do seu novo trabalho, você descobriu ter diabetes. De que forma isso alterou a tua rotina de vida e trabalho?
Paula Toller – Descobri em 2009, na época da turnê do disco Sonós.  Tive que me esforçar bastante para adaptar a nova rotina – alimentação, exercícios, tratamento com insulina – e enfrentar o caos das viagens.  Hoje em dia está mais tranquilo e tenho tentado passar essa experiência adiante.

O POVO – Além de compositora e bandleader, você é uma intérprete bastante requisitada. Se um dia fosse fazer um trabalho exclusivamente de intérprete, o que gostaria de cantar?
Paula Toller – Adoro fazer esses projetos, usar outras personas e cantar outros estilos. Mas, não penso em fazer um disco inteiro como intérprete. Prefiro surfar por ondas variadas.

O POVO – Quando o Kid Abelha surgiu, você era uma das raras mulheres de sucesso no pop. Hoje, a lista é grande. De que forma você acredita que influenciou a nova geração?
Paula Toller – A lista de cantoras é grande, mas o mais importante é que a lista de compositoras aumentou, e eu tenho certeza que ajudei a inspirar essa confiança nelas.

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=SJhmFALXUv4[/youtube]

O POVO – Você é de uma geração onde o rock funcionou com a voz da juventude num período político conturbado, pós-abertura. Qual o papel do rock atualmente?
Paula Toller – Como artista, não me sinto obrigada a falar sobre nenhum assunto. Mas, também não temo a patrulha quando desejo opinar sobre qualquer coisa. Acho importante que a música, além de pop, chiclete, tenha uma mensagem interessante escrita de uma forma única. O papel do rock é ser livre.

O POVO – Da estreia do Kid Abelha ao lançamento de Transbordada, o mercado da música mudou radicalmente. O suporte físico sofre constantes crises, e a música de consumo rápido vem tomando o espaço que antes do rock nacional e da MPB. Diante desse cenário, o que te leva a lançar um trabalho novo e apresentar músicas inéditas?
Paula Toller – O suporte foi diminuindo, diminuindo, até que sumiu. Essa carreira é assim, tem altos e baixos, mas eu não trocaria por nenhuma outra mais estável. Tenho fé que esse trabalho é especial e poderoso. Por isso tive a coragem de lançar, inclusive bancando tudo do meu próprio bolso.

O POVO – Transbordada sai 10 anos depois do último disco de inéditas do Kid. Do que sente falta em tocar numa banda?
Paula Toller – O fato de ter meu nome nos cartazes não quer dizer que eu esteja sozinha.  Meus músicos são artistas de alto nível que contribuem muito com ideias, só que nesse formato a liderança é clara.

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O POVO – Como você consegue ficar mais bonita à medida que o tempo passa?
Paula Toller – Obrigada pelo elogio! Abraços.

Serviço:
Paula Toller – Transbordada
Quando: amanhã (18), às 22h
Onde: Barraca Santa Praia (Av. Zezé Diogo, 3345 – Praia do Futuro)
Quanto: R$ 40 (Pista – Meia), R$ 80 (Pista – Inteira), R$ 60 (Front Stage – meia) e R$ 120 (Front Stage – inteira)
Outras info.: 3261.0665

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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