9347AnaCarolinaHá 15 anos, Ana Carolina Souza deixou de ser mais uma cantora de barzinho para tornar-se uma usina de hits lembrados de Norte a Sul do Brasil. Nesse tempo, ela lançou seis discos de estúdio, vendeu milhares de cópias, gerou inúmeros clones e emplacou 25 músicas em trilhas de novela (a 25ª está garantida para a personagem de Bruna Marquezine no próximo folhetim das 19h). Para dar força nessa trajetória, ela contou com parceiros como Adriana Calcanhotto, Chico César e Gilberto Gil, e intérpretes como Maria Bethânia, Gal Costa e Mart’nália.

Foi para comemorar esta década e meia de história e sucesso, que Ana lançou #AC Ao vivo, seu quarto trabalho compartilhado com o público. É aos fãs que ela agradece e homenageia nas fotos que ilustram o álbum duplo. Gravado em 25 de outubro de 2014, no Citibank Hall de São Paulo, o show é focado no repertório de #AC e traz nove das doze faixas do álbum de 2013. Para completar as 24 faixas do ao vivo, ela acrescentou gravações representativas de todos os álbuns anteriores e versões bem pessoais para canções de Gonzaguinha, Vinicius de Morais e Belchior.

Em entrevista exclusiva realizada na casa de Ana Carolina, no Rio de Janeiro, a cantora e compositora de 40 anos conta que Coração selvagem, composição que deu nome ao disco de 1977 de Belchior, entrou em seu repertório por sugestão da diretora Monique Gardenberg, assim como Fire, de Bruce Springsteen. No entanto, ela tomou a liberdade de trocar um verso da canção do sobralense para excluir a palavra “cachorro-quente”. “A música é linda, mas, na hora que fala ‘cachorro-quente’, eu tenho arrepios. Cachorro-quente em Minas Gerais é fim de noite. Eu tocava no bar da esquina, ganhava um trocado e comprava um cachorro-quente”, explica a artista que preferiu usar “beijo quente”. “Aí a música ficou uma maravilha”, respira aliviada.

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Muitos dos trabalhos mais recentes de Ana Carolina são realizados em casa. Com visão privilegiada para o Cristo Redentor (à direita) e para o mar (à esquerda), o imóvel no Jardim Botânico abriga não só as intimidades da artista, como o ateliê de pintura e um estúdio particular de gravação. Vizinha à casa de Eike Batista, foi lá que ela recebeu o mestre Guinga para gravar trechos do clipe de Leveza de valsa, primeira parceria dela com o violonista carioca. Além deste, outros clipes gravados em casa foram incluídos no DVD de #AC ao vivo, como Pole dance e o “momento Madonna”, como ela mesma descreve o vídeo de Libido.

Todos os clipes citados acima foram são filhos Un sueño bajo el agua, parceria com Chiara Civello, que rendeu um vídeo filmado na piscina de casa. Impressionada com as imagens produzidas por uma câmera subaquática, as compositoras resolveram desenvolver algum produto com aquele material. “É um vídeo super amador. Mas, quando eu vi aquelas imagens todas na água, eu fiquei muito impressionada”, lembra Ana, que só então pensou em fazer uma música inspirada nas filmagens. Dessa primeira experiência como diretora de videoclipe ela lembra ainda que a piscina ficou muito suja quando a maquiagem derreteu dentro da água.

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Dirigir videoclipes, compor, tocar violão, guitarra, pandeiro e interpretar canções alheias são as muitas formas que Ana Carolina usa para não estacionar na carreira. Isso vale também para o rótulo de “eclética”, que ela comprova em #AC ao vivo indo de MC Papo (Piriguete) até Tom e Vinicius (Eu sei que vou te amar). “Eu tenho muito medo de ficar engessada pelo sucesso, de ficar a cantora de Rosas, de É isso aí”, pondera a artista lembrando que o primeiro impacto do sucesso de massa foi apavorante. “Se você faz a mesma coisa, está estagnado. Se faz diferente, deveria estar fazendo a mesma coisa. Então, agora, foi um disco dançante pra ninguém falar que eu estava estagnada”, comenta entre risadas.

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Mais à vontade com o sucesso construído nesses 15 anos de carreira, Ana Carolina assume que não tem medo de ser popular. “Aconteceu assim desde o início. Acho que eu tenho facilidade de levar a coisa para o grande público. Eu decidi não lutar contra o fato de ter uma natureza do popular. Mas, também não vou lutar quando quiser fazer uma música com o Guinga”, comenta a artista que, entre um olhar e outro em Bruno, seu cachorro, já adianta como gostaria de comemorar os 30 anos de carreira. “Dentro de mim. Gostaria de olhar e estar feliz comigo”.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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