Foto: Rama de Oliveira/Divulgação

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Perto dos 20 anos de carreira e dos 50 anos de vida, Zeca Baleiro segue com a produção a plenos pulmões em música, livros e outros projetos. “Enquanto eu conseguir fazer meus lançamentos de 40 metros a la Gerson, tá tudo certo”, brinca o artista que está a caminho de Fortaleza para apresentar seu show Acústico amanhã, 15, na Barraca Santa Praia. Além da voz e do próprio violão, o maranhense conta com o fiel escudeiro Tuco Marcondes (guitarra) no acompanhamento.

Em entrevista por email, Baleiro comentou sobre a satisfação de fazer esse show em Fortaleza, cidade onde ele tem fortes laços musicais e pessoais. O mais apertado deles ficou registrado no disco Raimundo Fagner & Zeca Baleiro, de 2003. “Foi uma experiência muito prazerosa”, resume o compositor que ainda falou sobre o mais recente trabalho, Chão de Giz Ao vivo, um tributo ao paraibano Zé Ramalho. Confira a entrevista.

DISCOGRAFIA – Seu show em Fortaleza é intimista, acompanhado apenas do Tuco Marcondes. Como você compara essas apresentações mais enxutas com o formato de banda completa?
Zeca – Sempre faço shows nesse formato, seja por adequação técnica ou financeira. É outro tipo de vibe, mais íntima, mais corpo a corpo com o público. E em Fortaleza, no fim de tarde na praia, vai ser especial, tenho certeza.

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DISCOGRAFIA – No ano passado, você esteve na Caixa Cultural apresentando um espetáculo de voz e piano. O que achou da experiência? Gostaria de gravar um disco nesse formato?
Zeca – Sim, tenho planos de fazer um disco assim. Mas, há tantos outros na frente que ele vai sendo adiado, adiado…

DISCOGRAFIA – Seu disco gravado com o Fagner já conta 12 anos. Desde então, vocês já participaram juntos de vários trabalhos. De que forma essa experiência te aproximou com o Ceará?
Zeca – Ah! Aproximou bastante, até porque o disco foi quase todo gravado em Fortaleza, no estúdio Ararena. Foi um processo delicioso. Eu ia praí e ficava com o Fagner e o Fausto Nilo, compondo e debatendo repertório o dia inteiro, totalmente imerso. Foi uma experiência muito prazerosa.

DISCOGRAFIA – Você vê muita proximidade da música do Ceará com a do Maranhão?
Zeca – Acho que não. São universos culturais muito distintos, apesar de estados próximos geograficamente.

DISCOGRAFIA – Seu mais novo trabalho é uma homenagem ao Zé Ramalho, que nasceu de um convite do Banco do Brasil. Por que Zé Ramalho?
Zeca – Bem, o convite já veio pronto, tipo “você topa cantar Zé Ramalho”? Ainda discutimos sobre alguns nomes que também gosto, como Walter Franco, Martinho da Vila, Tom Zé, Sergio Sampaio, Belchior, etc. Mas gostei muito do nome do Zé, porque conheço sua obra profundamente. O cara é incrível! Me senti desafiado a reler sua música do meu jeito, com liberdade, reverência e uma dose de veneno também, claro. É uma obra rica, poética, enigmática e muito intensa.

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DISCOGRAFIA – Apesar de você ser sempre requisitado para participar de tributos, esse foi seu primeiro disco exclusivamente como intérprete. O que achou da experiência?
Zeca – Assustadora. A responsabilidade é muito grande. Mas gosto muito do resultado. Foi um trabalho feito com muito esmero e admiração sincera à obra do Zé.

DISCOGRAFIA – Queria que você contasse mais sobre a realização dessa homenagem ao Zé Ramalho.
Zeca – Um “tributo” a um cara como Zé, com 40 anos de carreira e um repertório consolidado, não poderia omitir seus sucessos populares, não é? Mas fazer um show só com os hits seria tedioso e acomodado. Juntei as canções-estandartes como “Avohai” e “Admirável Gado Novo” a lados b que gosto muito, como “Pequeno Xote” e “Kamikaze”, além de algumas pérolas esquecidas. Fui até os primórdios de sua carreira, recuperando uma canção do disco em parceria com Lula Côrtes, o hoje mítico “Paêbirú”. Reverenciar – e em alguns casos subverter – a sonoridade de suas canções também foi um processo muito prazeroso e instigante. Não houve participação de Zé na escolha. Mas pedi a bênção pro cara e ele deu.

DISCOGRAFIA – Desde seu disco de estreia, você experimentou muitos caminhos na sua música. Que marca você acredita que sua música vem deixando para os fãs?
Zeca – Essa aí, justamente, a da diversidade. A ideia de que a música popular é diversa e, como tal, um instrumento poderoso de comunicação e um suporte muito eficaz pra poesia e pra reflexões de toda natureza.

DISCOGRAFIA – Recentemente, participando do DVD do Jards Macalé, você reprisou o Vapor Barato/ Á flor da pele, ideia que te levou para o Acústico da Gal Costa e fez boa parte do público prestar atenção à tua música. Queria que você falasse sobre essa composição, o que ela representa hoje.
Zeca – A minha ou a do Macalé? A dele é um hino de uma época, a era hippie e do desbunde. A minha é uma canção de amor a outra canção, a dele. Sobre o convite da Gal, até hoje sou muito grato. Foi algo que deu um impulso enorme à minha carreira.

DISCOGRAFIA – Em abril do próximo ano você completa 50 anos. Envelhecer te assusta?
Zeca – Acho que assusta todo mundo, em maior ou menor escala. Mas me sinto bem disposto e jovial, e isso importa tanto ou mais que a idade biológica, penso eu. Enquanto eu conseguir fazer meus lançamentos de 40 metros a la Gerson, tá tudo certo.

Zeca Baleiro acústico
Quando: amanhã, 15, às 17h30
Onde: Barraca Santa Praia (Av. Zezé Diogo, 3345 – Praia do Futuro)
Quanto: R$80 (Pista – inteira), R$40 (Pista – meia), R$120 (Camarote – inteira) e R$60 (Camarote – meia). À venda na Bilheteria Virtual e Shopping Del Paseo
Telefone: 3051 1773

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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