Cds Fundo Branco Em AltaQuando a Cidade do Rock abriu suas portas em 11 de janeiro de 1985, em um terreno pantanoso no bairro carioca de Jacarepaguá, um novo momento se inaugurava no show business brasileiro. Naquele dia estreava a primeira edição do Rock In Rio, primeiro mega festival de cores verdes e amarelas que, corajosamente, surfava no crescente interesse do público pelo então nascente rock nacional. Misturando bandas ainda inexperientes com monstros sagrados do gênero, o evento tornou-se símbolo de uma época em que o Brasil começava a se livrar da Ditadura Militar para anunciar “um novo começo de era”.

De lá para cá, o Rock In Rio cresceu e ganhou o mundo. Abrindo espaço, cada vez mais, para novos ritmos e grandes estrelas, o festival tornou-se um dos maiores do Planeta – em público e investimento – e já rendeu edições em Lisboa, Madrid e Las Vegas. Em terras brasileiras, a festa das guitarras abre amanhã sua sexta edição. Misturando passado e presente, as atrações vão de One Republic até o Queen – com Adam Lambert substituindo o insubstituível Freddie Mercury (1946 – 1991). Outras dezenas de atrações se dividiram entre quatro palcos e espaços dedicados a dança de rua, música eletrônica e esportes radicais.

RIR Box Brasil - Fernanda Abreu - Credito Marcos Hermes

Um forma de se aquecer para essa maratona musical é o box Rock In Rio 30 anos. O projeto reúne 19 artistas brasileiros apresentando versões inéditas para sucessos que já passaram pelos palco do festival. Lançado em CD duplo, DVD e blu-ray, as gravações foram feitas no Cidade das Artes com produção de Liminha. Coube a ele, também, arregimentar a banda de apoio – batizada de Achados no Espaço – formada por Humberto Barros (teclados ex-Barão Vermelho), Adal Fonseca (bateria), e os guitarristas Rodrigo Nogueira (Suricato) e Thiago Castanho (ex-Charlie Brown Jr.). Para completar o trabalho, um fichário com todas as partituras do projeto.

Os convidados e homenageados têm diferentes relações com o Rock In Rio. Fernanda Abreu, que fez parte do elenco da primeira edição, como integrante da Blitz, e voltou como artista solo em 2001, dá voz e suingue para Onde você mora e Palco. Já o Cidade Negra, que dividiu o palco Sunset com Martinho da Vila em 2011, dá novo balanço para Legalize Já, do Planet Hemp. Repetindo o número que fez há 30 anos, os Paralamas do Sucesso voltam a cantar Inútil, do Ultraje a Rigor, e dá sua leitura para Tempos modernos. E para homenagear o trio liderado por Hebert Vianna, a Blitz toca Óculos e o Jota Quest vem de Caleidoscópio.

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Outra troca de gentilezas acontece entre Baby do Brasil e Pitty. A roqueira baiana relembra A menina dança, um dos grandes sucesso da niteroiense. Em retribuição, a “Nova Baiana” solta voz em Semana que vem. “Foi uma delícia. A Pitty é como se fosse minha filha e tem uma ligação bacanérrima comigo. A gente tem algo parecido e ao mesmo tempo diferente”, analisou Baby no evento de lançamento do projeto Rock In Rio 30 anos, realizado no Rio de Janeiro. “Quando perguntaram se eu cantaria alguma coisa da Pitty eu disse ‘claro, me mostra todo o acervo dela’. Daí em diante, a cantora teve um suporte certeiro para a seleção. “Eu fechei os meus olhos e orei. Deus, me dê uma música da Pitty que tenha a ver comigo. Orei de todo o coração e, quando eu coloquei o dedo em cima do computador, veio essa que fala que pode ser essa a nossa última semana. Realmente, é o apocalipse e Deus me deu a música da Pitty que tinha tudo a ver comigo. Mais uma coisa matrix na minha vida”, gargalha a artista que, 30 anos depois, volta ao festival retomando sua parceria com o guitarrista e ex-marido Pepeu Gomes. “Para a minha carreira, foi excelente. Cantar o Brasileirinho para uma galera inteira, chegar com músicas de minha autoria. E tudo isso grávida de oito meses, com barriga de fora. Tudo isso teve uma importância de comportamento, de estrutura de vida, de paradigma quebrado. Era muita informação para aquela época”, relembra Baby, antes de avaliar o peso que o evento teve para a música brasileira. “O Brasil recebeu o Rock In Rio como uma paulada na moleira. Foi um evento que deu muita honra ao brasileiro, que alargou as fronteiras não só do show business mas também para a nossa música. Assim como foi o Woodstock lá para aquela galera, aqui teve uma importância incrível”.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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