Selvagens-à-Procura-de-Lei-praieiro-capa-1024x1024

Um dos programas mais corriqueiros da juventude fortalezense é levar um violão para a Ponte Metálica (na verdade, Ponte dos Ingleses) e reunir a turma de amigos para cantar Legião Urbana, Los Hermanos, Cazuza e outros nomes do rock nacional. Entre os nomes mais recentes dessa turma, os Selvagens À Procura de Lei parecem querer entrar nessas rodas de amigos em seu novo disco.

Programado para chegar ao público no meio do ano passado, Praieiro só foi disponibilizado no início deste mês nas redes sociais. Chegando três anos depois do anterior, batizado com o nome da banda, o novo álbum busca se afastar das influências oitentistas explorando sonoridades mais modernas, arranjos mais elaborados e discursos mais felizes. Ainda assim, O que Será o Amanhã entrega o clima de vinho barato circulando de mão em mão enquanto os demais acompanham tudo nas palmas.

Assim como o disco anterior, a produção de Praieiro foi entregue a David “Marroquino” Corcos (D2, Dinho Ouro Preto). Pela primeira vez, o quarteto formado por Rafael Martins (vocal e guitarra), Gabriel Aragão (vocal e guitarra), Caio Evangelista (baixo) e Nicholas Magalhães (bateria) divide todas as 11 faixas do disco viabilizado por financiamento coletivo, via Catarse.

Do clima roqueiro que marcou os dois trabalhos anteriores do SAPDL, Lua Branca é a mais empolgante. Numa linha entre o rock e a dance music, a faixa tem bom riff de guitarra, bateria bem marcada e vocais resposta para falar sobre a vida e suas mudanças. Mistura de Paralamas do Sucesso com Cachorro Grande, Bastidores é uma canção de amor escrachada. Já a acelerada e estranha O Amor é um Rock é dedicada a Tom Zé, Arnaldo Baptista e Raul Seixas. E os três deves estar orgulhosos da homenagem.

Mais praieira de Praieiro, a faixa título é um bolero havaiano instrumental que pouco diz a que veio. Melhor ficar com Felina, reggae cheio de clichês que dialoga com a arte da capa do disco, feita por Amandine Levy. Deixando o sol queimar a pele salgada pelo mar e o vento bater no rosto, o SAPDL abre mão da missão de salvar o rock e se limita a fazer um disco honesto, competente e cheio de boas canções.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles