Caio Castelo e Alê Siqueira no estúdio Gargolândia, em São Paulo

Caio Castelo e Alê Siqueira no estúdio Gargolândia, em São Paulo

Cheiro de mato, vacas pastando, móveis coloniais, clima ameno e árvores, muitas árvores. Esse é o cenário do estúdio Gargolândia, localizado no município paulista de Alambari. Foi nesse ambiente que foi gestado Dois Olhos, segundo disco do cearense Caio Castelo. Foram oito dias imersos num ambiente de música e café quente, que ficaram impressos nas dez faixas do álbum que chega hoje às plataformas digitais.

Dois Olhos vem três anos depois de Silêncio em Movimento, álbum de estreia do cantor, compositor e músico revelado no coletivo Comparsas da Vivenda no início desta década. A produção ficou a cargo do experiente Alê Siqueira, paulistano que traz no currículo trabalhos com Elza Soares, Tribalistas, Tom Zé, entre outros. Também foi dele a sugestão de registrar tudo na Gargolândia, onde todos poderiam ficar longe de outras preocupações.

“O principal motivo de fazer lá era a atmosfera. A convivência diária, sem ter outros compromissos, ajudou muito”, confessa Caio Castelo, que vê em seu novo disco algo “mais de banda”. O resultado dessa convivência é um trabalho mais linear, onde as faixas parecem conversar entre si. Assuntos como cuidar e caminhar se repetem em várias faixas, transparecendo o novo momento da vida do músico.

Nesse novo momento de vida e carreira de Caio estão dois elementos que marcaram profundamente a execução de Dois Olhos. Um deles é a graduação em Música pela Universidade Federal do Ceará. O outro foi o nascimento de João, primeiro filho do compositor, hoje com dois anos e sete meses. Principalmente esta segunda experiência explica versos como “dar a luz nos dará à luz, eu sei. Te enxergar a olhos nus me fez acordar e nascer outra vez”.

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Junto com o álbum, que está disponível gratuitamente para download e streaming, chega ao Youtube o clip de Destá, parceria de Caio com Matheus Santiago. O show de lançamento de Dois Olhos está agendado para o dia 30 de abril, dentro da programação da Maloca do Dragão, com a participação de Fernando Catatau.

Dividido com Carlos Hardy (baixo e voz), Ayrton Pessoa (teclados), Fernando Lélis (sopros), Renan Ramos (sopros) e Igor Ribeiro (bateria), Dois Olhos vem formado por rocks leves, baladas sensíveis e um clima psicodélico bem dosado. Os arranjos e composições são todos de Caio, que ouviu atentamente os conselhos do produtor. “O Alê chegou com esse material todo pronto. Mas ele mudava um detalhe e fazia a diferença. São detalhes que ninguém percebe, mas, na soma, o álbum vai se construindo”, explica.

CAPA CAIO CASTELO DOIS OLHOS (1)Das experiências formativas à paternidade, Dois Olhos apresenta ao público um compositor mais maduro e certo do que quer fazer com sua música. A ideia de movimento, presente em quase todas as faixas, mostra como Caio Castelo está em busca de levar seu trabalho há muitos espaços, físicos ou não. E, nesses caminhos, ele quer encontrar cada vez mais pessoas que se identifiquem com sua arte. Como ele diz em Chão dos Pés: “Na bagagem tem sonhos de longe daqui que vão encontrar com alguém que saiba como é calçar outro chão nos pés”.

Serviço:
Dois Olhos – Caio Castelo
10 faixas
Independente
Disponível para audição e download gratuito pelo site
Quanto: R$ 20

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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