Céu 4 crédito Luiz GarridoReconhecida como um dos principais nomes da música brasileira revelada neste século, Céu encontrou um canto bem particular para colocar sua música. Dona de uma linguagem muito peculiar, ela mistura estilos, ritmos e estéticas e cria algo novo carregado de personalidade. Se seus discos têm samba, reggae, balada romântica, bossa nova ou dance music, isso tudo está liquidificado de tal forma que é difícil reconhecer onde está cada elemento desses.

Em Tropix, quarto álbum de estúdio da paulistana, essa fusão de sonoridades fica evidente em cada uma das 12 faixas. Lançado pelo selo Slap, o sucessor do projeto ao vivo de 2014 nasceu de uma vontade que a cantora e compositora de 35 anos tinha de brincar com uma nova sonoridade eletrônica. “É uma brincadeira com um som mais duro, mais sintético. Uma brincadeira sobre o tijolo a tijolo do digital. O pixel sem perder uma coisa tropical. A máquina do Brasil não é como a dos alemães. Ela é úmida”, divaga Céu, sobre o conceito do novo álbum.

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A faixa que apresentou Tropix para as plataformas digitais foi Perfume do invisível, composição própria que começa cheia de melancolia até ganhar ritmo e balanço. “Eu estava ouvindo coisas que deram vontade de ir para esse lado. Engraçado, eu encontrei num caderninho, lá do início (da produção) do disco, uma página que tinha escrito ‘beat tropical’”, comenta Céu sobre o conceito que passou a nortear o trabalho. Também entre as faixas está a regravação de Chico Buarque Song, da Fellini. “Não conhecia a banda e fiquei encantada. Tinha a ver com o que estava ouvindo na época”, comenta.

capa CéuA banda que acompanha Céu em Tropix é formada por Pupillo (bateria), Pedro Sá (guitarra), Lucas Martins (baixo) e Hervê Salters (teclados). Como convidada especial, Tulipa Ruiz divide os vocais alucinados de Etílica/Interlúdio.Ela é maravilhosa e tem uma voz maravilhosa. Gosto muito dela. Achei que seria demais tê-la, por que tem um momento psicodélico em que ela poderia deitar e rolar”, brinca Céu.

Maria do Céu Whitaker Poças conta que Tropix não nasceu com um conceito fechado, mas todas as faixas foram feita para ele. Se Caravana Sereia Bloom, de 2012, tinha como propósito ser uma trilha sonora para a estrada, o novo álbum se aproxima mais da forma como nasceu Vagarosa (2009), que só depois de finalizado sua autora percebeu um conceito. “Realizei o desejo, um sonho de fazer o disco todo com uma banda, um power trio de sintetizadores. Queria o Pupillo e queria alguém com olhar de longa distância sobre a cultura brasileira. E chegou a Hervê, que é brilhante”, conta a cantora.

Os quatro anos que separam Caravana Sereia Bloom de Tropix foram cortados pelo primeiros lançamento ao vivo de Céu. Para ela, a experiência de gravar ao vivo foi positiva e não se compara com o trabalho em estúdio.O estúdio é um universo introspectivo e de conexão 100% com a música. Já o show é a conexão com as pessoas. Eu diria que é o oposto”, compara ela que agora se prepara para colocar o novo projeto na estrada. O show já está sendo planejado e ela já tem muitas datas agendadas em festivais pelo exterior. No entanto, ela não revela detalhes para não quebrar a surpresa. Por enquanto, ela só diz que está satisfeita com o ritmo que tem colocado para o trabalho, intercalando turnês com os cuidados domésticos com a filha. “Tenho uma vida muito cheia de coisa, não é só ser cantora. Se eu tivesse o tempo todo dedicado a fazer disco eu teria mais dinheiro. Mas sou mãe, vou a supermercado”, ri-se.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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