Bruna Caram por Andre Seiti (3) (1)

Fiquei muito feliz de saber que Bruna Caram está chegando a Fortaleza para apresentar seu novo trabalho, o show Música e Poesia. Fruto de uma experiência iniciada nas redes sociais, onde a cantora paulista postava pequenos achados poéticos, o projeto ainda rendeu o livro Pequena Poesia Passional (Ed. Rogério Bolzan). Por aqui, ela se apresenta na Caixa Cultural, de 28 de abril a 1º de maio, com ingressos convidativos de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

Conheci o trabalho de Bruna Caram por conta do disco Será Bem Vindo Qualquer Sorriso, lançado em 2012. Poderia ser um álbum como qualquer outro que chega diariamente à redação do jornal. Músicas de Djavan, Jorge Ben Jor e Mallu Magalhães, e uma ou outra composição própria. Nenhuma surpresa até aí. Mas, quando você coloca este terceiro disco da ex-vocalista dos Trovadores Urbanos para tocar, o que se percebe é uma leveza no ar.

Parece óbvio e até demasiado simplório, mas a simplicidade do canto de Bruna Caram é contagiante. Não existe esforço ou excesso, e, a todo momento, ela parece se divertir como uma criança pulando no meio da chuva ou uma adolescente entre as colegas do colégio. O repertório pode sugerir um trabalho com mais do mesmo, mas o segredo está nos arranjos e nessa interpretação solta que ela faz como se tivesse rindo de alguma malcriação. Um bom exemplo? Que tal dois? Flor do medo, de Djavan, se aproxima muito da original, mas ganha delicadeza nos agudos da artista. Já o samba-rock Minha teimosia é uma arma pra te conquistar vira uma espécie de fox divertido e moleque. Tá, vamos com mais um exemplo. Não perca o final, do gigantesco Zé Rodrix, demonstra a inteligência de Bruna para selecionar repertório além da superfície. Mesmo sem voz roqueira do carioca, ela se sai bem num arranjo mais tropical.

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Depois de ser fisgado por Será Bem-Vindo Qualquer Sorriso, fui procurar os outros discos desta paulista de Avaré que completa 30 anos em 26 de julho. Essa menina, estreia de 2006, é mais sério. Tem beleza, mas transparece o medo de errar e a vontade de soar radiofônica. Três anos depois veio Feriado Pessoal, onde Bruna deixa de querer soar assim e assado e faz música só pra se divertir. O sorriso estampado na capa não é por acaso. Com Caetano e Milton no repertório, ela peita os gigantes com um certo atrevimento e mostra que a jovem guarda pode fazer bem feito quando deixa de querer ser novidade para se dedicar apenas a cantar da melhor forma que consegue.

Para encerrar, fica a sugestão para quem se interessar por música que não pretende ser inovadora ou criativa ou ponto de partida para uma nova proposta estética. Aqui me refiro a música feita para ser música, para ser ouvida por quem sai de casa para relaxar, sorrir e brincar por cerca de uma hora e meia. Se Bruna Caram conseguir levar sua alegria para o palco da Caixa Cultural, esta certamente será uma grande noite para a plateia.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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