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Por Camila Holanda (camilaholanda@opovo.com.br)

Em um cenário cravado na ditadura militar, os Novos Baianos escreveram um capítulo bonito da história da música brasileira. Deveria estar no dicionário: Novos Baianos é o coletivo de tudo o que é alegre, de gente cabeluda, de música, futebol, encontros e o que mais viesse. No núcleo duro do negócio estavam Moraes Moreira, Baby Consuelo (hoje Baby do Brasil), Paulinho Boca de Cantor, Dadi, Luiz Galvão e Pepeu Gomes. O primeiro disco veio em 1970, intitulado É ferro na boneca. Ele precedeu o antológico Acabou Chorare (1972), segundo long play do grupo e considerado um dos mais importantes álbuns da música brasileira. “É que tem uma aura muito importante”, explica Moraes Moreira em entrevista ao O POVO. “Talvez seja o disco da plenitude dos Novos Baianos. Naquele tempo, a gente vivia em comunidade (no sítio Cantinho do Vovô). A gente tava vivendo junto 24 horas por dia.”

No próximo domingo, dia cinco, o músico baiano volta a Fortaleza para revisitar as composições do grupo setentista. No palco do teatro RioMar, Moraes promete trazer um apanhado do repertório dos Novos Baianos, coletivo que ele integrou de 1969 a 1975 – apesar de haver discos gravados até 1997, mas já sem ele. “Eu vou fazer uma viagem com o repertório, desde o começo (dos Novos Baianos). Vou cantar duas músicas, também, que a gente não gravou, a Sugestão Geral e a Três Letrinhas, que são de antes do É ferro na boneca.”

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=EoX7x0laMoU[/youtube]

Reencontro
“Já se passaram os anos e o sonho Novos Baianos, nem mesmo o tempo levou!”, escreveu Moraes, recentemente, em sua página do Facebook. Ele faz menção ao reencontro do grupo, que aconteceu em maio, na reinauguração da Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador (BA). Foram 17 anos sem que os integrantes se juntassem para cantar as músicas que marcaram aqueles dias no sítio Cantinho do Vovô, onde moraram juntos, remodelando os conceitos de família e reafirmando o de comunidade. “Lá, a censura não pegava a gente. Eles até iam, ouviam nossas músicas. Mas não censuravam. Acho que nem entendiam o que a gente cantava”, rememora. “Apesar da ditadura, tínhamos um espaço aberto dentro de cada um de nós. As pessoas não entendiam como a gente era tão alegre”,

Para Moraes, “foi uma coisa maravilhosa” subir ao palco da Concha Acústica, onde tantas vezes o grupo havia tocado e costurado uma parte da história dele. “A gente recupera a intimidade muito rápido. Estamos abertos para novos encontros, mas, olha, não é uma volta, são encontros”, faz questão de esclarecer. O novo baiano não descarta a ideia de que essa nova fase renda registros em CD ou DVD. “Pode até ser que aconteça, mas não discutimos isso ainda não.”

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=2lTQ7rPNQL4[/youtube]

Ainda sobre novos registros e projetos, Moraes adianta que está afinando com Fausto Nilo – antigo amigo e parceiro musical – “algo entre show e CD”. E mesmo sem querer contar, deixou no ar: “é mais pra show do que pra CD”, brinca. Agora, cabe ao público esperar que as novidades cheguem a Fortaleza. Moraes garante que vêm sim.

Serviço
Moraes Moreira canta Novos Baianos
Quando: domingo, 5, às 20 horas
Onde: Teatro RioMar
Ingressos: entre R$ 40 e R$ 140
Outras informações aqui

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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