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Há cerca de dois meses, o DISCOGRAFIA anunciou – com muita alegria – o lançamento do novo disco da Evinha. Cantora carioca revelada na Jovem Guarda como membro do Trio Esperança, ela tornou-se estrela nacional quando venceu o IV Festival Internacional da Canção com Cantiga por Luciana. Agora, depois de quase 40 anos morando na Europa e mais de 20 sem trabalho inédito no Brasil, ela apresenta Uma Voz, Um Piano, dividido com o marido e músico Gérard Gambus. Com 14 músicas inéditas em sua voz, Evinha anuncia para o dia 5 de julho o show de lançamento do novo projeto. Até lá, acompanhem a entrevista completa que ela deu para o blog, por email.

DISCOGRAFIA – Você está preparando um novo disco de voz e piano. O que pode adiantar desse projeto? Como estão as gravações? Quem te acompanha?
Evinha – Em 2015, fiz uma série de shows em São Paulo. Quatro músicos me acompanhavam. Na metade do show, um momento de romantismo, onde interpretei 2 canções, acompanhada somente por um piano. A reação do público fez com que o produtor dos shows, Thiago Marques Luiz, sugerisse fazer um álbum inteiro dessa forma. Assim nasceu Uma voz, um piano. Gérard Gambus é o mestre ao piano e produtor do álbum.

DISCOGRAFIA – Como foi a seleção de repertório deste novo trabalho? São canções inéditas na sua voz?
Evinha – O álbum contém 14 músicas, sendo algumas releituras que sempre gostei de interpretar. Tive a honra de ser presenteada com magníficas canções inéditas de Ivan Lins, Dalto, Fernando Brant, Antônio Adolfo, Tibério Gaspar, Abel Silva, Eduardo Gudin, Renato Corrêa, Guarabyra, Gérard Gambus e Carlos Colla.

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=eqtqIBSMjkw[/youtube]

DISCOGRAFIA – Para quem gravou discos com bandas grandes e orquestra, o que tem achado deste formato de voz e instrumento?
Evinha – A experiência está sendo totalmente inédita para mim . O fato de cantar desde criança, faz com que os desafios sejam maiores a cada disco. Uma voz acompanhada de um só instrumento (no caso, o piano), exige mais técnica, tanto do cantor quanto do músico, e a adrenalina está presente a cada instante da gravação!

DISCOGRAFIA – Seu último disco lançado no mercado nacional foi em 1999 e é um disco de regravações. Por que tanto tempo até um novo disco? 
Evinha – Paralelamente fiz carreira na Europa com minhas irmãs Regina e Mariza. Durante estes anos, me dediquei ao Trio que formamos, viajando pelo mundo. Agora é tempo de lançar algo inédito no Brasil em 2016.

DISCOGRAFIA – Sua discografia solo clássica data do final dos anos 1960 e início dos anos 1970. Tem vontade de relançar esses discos em CD? 
Evinha – O projeto de relançar minha discografia solo no Brasil, está em andamento.

DISCOGRAFIA – Apesar de não ter tido lançamentos no Brasil, você lançou alguns discos com o Trio Esperança no exterior. Queria que você falasse sobre essa produção discográfica feita para o exterior desde que você saiu do Brasil.
Evinha – A terceira fórmula do Trio Esperança é composta por Regina, Mariza e Evinha. Tudo começou por acaso: Minhas irmãs vinham sempre me visitar na França, onde moro há mais de 35 anos. Um dia nos juntamos para uma apresentação numa boate brasileira em Paris, e o que era brincadeira, tornou-se realidade. Por acaso um produtor de uma gravadora passava por lá, nos viu e ouviu, gostou, nos contratou. Gérard Gambus produziu e fez todos os arranjos vocais para nossos álbuns, e assim começou a carreira do Trio Esperança na Europa conquistando vários discos de ouro.

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=jT3hz0D6YGU[/youtube]

DISCOGRAFIA – Muita gente ainda liga seu nome aos Festivais de Música. O que mais te marcou nessa época?
Evinha – A emoção é forte até hoje ao lembrar da conquista do primeiro lugar no IV Festival Internacional da Canção com a música Cantiga por Luciana. Aliás, muitas “Lucianas” têm o nome em homenagem à essa música!

DISCOGRAFIA – Como não poderia ser diferente, os festivais criaram um clima de rivalidade na MPB. Algumas artistas, como a Elis, entravam para ganhar a qualquer custo. Como você via essa rivalidade da época? Você teve seus desafetos?
Evinha – Toda essa rivalidade não me atingia. O fato de ser muito jovem, fazia com que a despreocupação fosse maior do que tudo. A minha finalidade era entrar num palco e transmitir ao público o que eu tinha de melhor a oferecer.

DISCOGRAFIA – Você também fez parte de uma geração que popularizou a black music no Brasil. Ainda hoje se discute as liberdades e o preconceito racial no Brasil. Como você compara as discussões que se faziam sobre esse assunto naquele final de anos 1960 e atualmente?
Evinha – Uma frase do Papa João Paulo II gravada em minha memória, que na minha opinião dispensa comentários: “Qualquer tipo de racismo inevitavelmente leva à queda humana”

DISCOGRAFIA – Você ainda acompanha o que se produz no Brasil atualmente? Como você vê o que se produz por aqui atualmente?
Evinha – Uma só palavra me vem à mente: CAOS!

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=E1wsgompirM[/youtube]

DISCOGRAFIA – Que artistas, nacionais ou internacionais, têm te chamado atenção atualmente?
Evinha – Gosto de vários tipos de música. O que me toca profundamente são belas harmonias. Não tenho hábito de citar nomes de artistas que amo ouvir. Cada um com a interpretação e a personalidade que lhe é peculiar.

DISCOGRAFIA – Depois do lançamento desde novo álbum, que projetos você tem em vista?
Evinha – Cantar e cantar e cantar… pelo Brasil e pelo mundo afora

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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