john-lennonOntem, dia 9 de outubro, marcou o nascimento de dois personagens que foram além das artes. Ambos músicos, eles usaram sons e palavras para denunciar injustiças, desigualdades, preconceitos e outros males comuns a muitos povos. Curiosamente, o berço de cada um acabou por determinar até onde suas mensagens poderiam chegar.

Sem ordem de valor, o primeiro é John Winston Lennon, um beatle, cantor e compositor inglês que começou a vida provocando uma revolução na juventude e encerrou protestando contra a Guerra do Vietnã, o machismo e outros cânceres sociais. Quando teve a vida encerrada abruptamente, na época com apenas 40 anos, ele morava em Nova York, no célebre edifício Dakota.

O segundo é Taiguara Chalar da Silva, uruguaio que veio pequeno para o Brasil. Foi um gigante dos festivais com sua voz forte e seu piano influenciado por jazz, black music, samba e choro. Renegando a aura de romântico, trocou o sucesso fácil para falar do que acreditava. Não por acaso, é ele quem abre e fecha o filme Aquarius. É, Clara, não é fácil defender as próprias convicções.

John e Taiguara cantavam por objetivos semelhantes, partilhavam de princípios próximos e levaram o próprio prestígio até as últimas para defender aquilo em que acreditavam. Também foram investigados, perseguidos e censurados pelos países que adotaram. No entanto, apenas um deles virou estampa de blusa.

O ídolo inglês é ainda uma força da indústria. Morto há 36 anos, Lennon continua vendendo discos, streamings, livros, pôsteres, canecas e outros mil produtos. Mesmo afirmando que não acredita em Jesus, suas músicas continuam sendo cantadas até no Natal, aqui, ali e em qualquer lugar.

Já Taiguara tornou-se uma lenda, até no Brasil. Deve ter ouvido Beatles na juventude, mas estava mais ligado ao canto dos índios, canções de protesto, choros e sambas-canções. Em 1976, misturou isso tudo em Imyra, Tayra, Ipy, disco experimental onde criticava até a própria postura como produto dos festivais. Entre os odiados da Ditadura, dizem que este admirador de Luís Carlos Prestes teve mais músicas censuradas do que Chico Buarque. Por algum motivo, foi menos ouvido e compreendido, mesmo no Brasil. Provavelmente é por que ele falava em português.

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

View All Articles