Seis trabalhos de João Bosco chegam pela primeira vez às plataformas digitais de música. Lançados entre 1977 e 2000, os discos mostram mudanças no canto e nas composições do mineiro. Os trabalhos disponibilizados são Tiro de Misericórdia (1977), Bandalhismo (1980), Essa É A Sua Vida (1981), Bosco (1989), Dá Licença Meu Senhor (1995) e Na Esquina (2000).

Da fase mais politizada de João e seu parceiro mais constante Aldir Blanc, Tiro de Misericórdia trouxe Falso Brilhante que deu nome a um show de Elis Regina, embora nunca tenha sido gravada por ela. Ainda da proximidade com a Pimentinha, Plataforma chegou a ser cantada por ela e João num especial de TV – mas também nunca em disco pelo duo. Aqui o samba aparece em sua versão original.

https://www.youtube.com/watch?v=8Qv6YVhNI3s

Bandalhismo contou com arranjos de gente do quilate de João Donato, Radamés Gnatalli e Oberdan Magalhães, além de trazer participações especiais de Sergio Ricardo em Anjo Torto e Paulinho da Viola na faixa-título. É dele a divertidíssima Siri recheado e o cacete.

https://www.youtube.com/watch?v=JzBJaRF9dSc

Essa é a sua vida veio um ano depois de Bandalhismo com 10 faixas da dupla Aldir/João. Entre elas, pérolas como Cabaré, Agnus sei, Corsário e Títulos de Nobreza, uma homenagem à divina Ademilde Fonseca. Já o disco Bosco veio depois do músico passar por várias gravadoras e adotar os vocalises que tornaram-se marca registrada das suas gravações dali em diante. Foi também na época em que a parceria com Aldir ficava mais espaçada. Pra destacar duas faixas do álbum, Jade e Sinceridade são belíssimas. esta última foi trilha da novela Tieta.

https://www.youtube.com/watch?v=rnaCJUxJyDo

Dá licença meu senhor é um disco curioso, onde João Bosco reúne gravações feitas para diversos projetos especiais e interpretações de clássicos da MPB. Nesse papel de crooner, ela dá sua leitura particular para canções de Villa-Lobos (Melodia Sentimental), Noel Rosa (Gago apaixonado) e Milton Nascimento (Pai Grande). Daniela  Mercury participa em No tabuleiro da baiana, um dueto bonitinho. Por fim, Na Esquina vem de uma fase menos popular da obra de João e pouca coisa marcou nesse  álbum que tentava trazer de volta o clima dos anos de sucesso. Pra nossa sorte, João Bosco não tem que provar mais nada e um seu, mesmo considerado fraco, oferece muito o que explorar.

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Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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