Faz exatamente um mês que Erasmo Carlos iniciou uma turnê por três cidades cearenses. No show intimista, acompanhado apenas do pianista José Lourenço, o carioca de 76 anos percorreu sua história musical que já se aproxima dos 60 anos. A série de shows foi uma oportunidade para os fãs escutarem, além das canções, histórias que vêm sendo construídas desde o início da Jovem Guarda. Foi também a oportunidade para Erasmo conhecer Iguatu, tirar foto na estátua do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, e comer muita carne de sol.

“Fui muito bem tratado. Senti um carinho imenso do público”, lembra, por telefone, o músico que volta neste domingo para mais uma apresentação em Fortaleza. O show, que acontece domingo, 13, no Shopping RioMar Fortaleza, apresenta o disco Gigante Gentil, lançado em 2014 pela gravadora Coqueiro Verde. Diferente do clima “piano bar” de um mês atrás, o show realizado no dia dos pais vai ser em clima roqueiro. Lourenço permanece no piano, mas divide o palco com Billy Brandão (guitarra), Rike Frainer (bateria), Luiz Lopes (guitarra, violão e voz) e Pedro Dias (baixo e voz).

“Eu tenho vários tipos de shows. Completão mesmo, só faço em certas ocasiões”, explica ele sobre um projeto de banda mais orquestra. “Quando a festa é intimista, é com piano, eu conto causos, coisas que surgem na hora como se tivesse na sala de estar”. Em todos os formatos, Erasmo busca combinar o que o público quer ouvir com as novas composições. “Cara, a gente vai adaptando conforme a estrada. O público vai pedindo. Uma cidade que você vai toda hora, eu fico mais à vontade de cantar coisas novas. Cidade que nunca fui o cara quer ouvir sucessos. O show Gigante Gentil, quando foi lançado, era repleto de músicas novas”, lembra.

Gigante Gentil veio na cola de outros discos onde Erasmo se aproxima do estilo que o consagrou como ídolo, o rock. Depois dos elogiados Rock’n’roll (2009) e Sexo (2011), o 30° trabalho do parceiro de Roberto Carlos traz composições divididas com Nelson Motta, Caetano Veloso e Arnaldo Antunes. “Foi o disco que me proporcionou o Grammy, que é um prêmio que já persigo há muito anos. Fiquei muito gratificado porque é o trabalho de agora. É um trabalho que está disputando com os contemporâneos de agora”, orgulha-se o artista que levou abocanhou seu primeiro gramofone dourado na categoria Álbum de Rock Brasileiro.

Todas as alegrias proporcionadas por Gigante Gentil quase foram postas de lado quando, no mesmo ano do lançamento, Erasmo Carlos perdeu o filho Alexandre Pascoal num acidente de moto. Como terapia para superara a dor, ele escolheu cantar, mesmo num dia dos pais. “São as ironias da vida, mas a vida continua. A gente se lembra do que aconteceu. Tem aquele cantinho da saudade”, confessa. “Mas o trabalho ajuda em tudo, te ocupa a cabeça, sem trabalho a cabeça vira a oficina do diabo. Os pensamentos negativos te adoecem. Nada como ter o trabalho para ter uma motivação. E, quando se trabalha com o que gosta a vida fica completa”.

Serviço:
RioMar Music Festival – Erasmo Carlos
Quando: domingo, 13, às 17 horas
Onde: Estacionamento do RioMar Fortaleza (Rua Lauro Nogueira, 1500 – Papicu)
Entrada gratuita com capacidade limitada de lotação de espaço (entrega das pulseiras de acesso à partir das 16 horas)
Telefone: 3066 2000

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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