Quando o Brasil conheceu o Clube da Esquina, em 1972, ele teve contato não só com um grupo de canções que tornaram-se clássicos da música brasileira. Aquele álbum foi responsável também por apresentar uma turma de jovens músicos mineiros que, no futuro, iriam se tornar referências nacionais e internacionais. Lô Borges, que co-assina o disco com Milton Nascimento, era apenas uma delas.

No meio daquela cena, que tinha Beto Guedes, Flávio Venturini, Wagner Tiso e outros, um guitarrista fez do seu instrumento uma marca registrada daquele novo som. Era Antônio Maurício Horta de Melo, o Toninho Horta, que hoje, 20, conta sua história e mostra suas canções no Café Couture. O músico vem a Fortaleza lançar o livro 108 Partituras de Toninho Horta, que traz fotos, textos e diagramas de acordes para piano e violão que revelam detalhes de arranjos em que ele trabalhou.  Na ocasião, ele ainda faz uma jam session ao lado de músicos como Cainã Cavalcante, Nélio Costa, Márcio Resende e outros.

E histórias envolvendo música é algo que Toninho tem de sobra na bagagem. Desde a primeira composição, com cerca de 13 anos, ele foi construindo uma estrada luminosa na música popular e no jazz. Nessa estrada, ele conheceu e trabalhou ao lado de grandes estrelas da música. Elis Regina, Pat Metheny, George Duke, Maria Bethânia, Lisa Ono e Eliane Elias são só algumas delas. Para ele, todos esses nomes têm sua importância. “Mas, na verdade, acaba se tornando especial, naturalmente, as pessoas que dividiram mais discos comigo. O pessoal do Clube da Esquina, o (guitarrista) Jack Lee, da Coreia, a Joyce, minha parceira com quem me apresentei do Japão à Conchichina”, lista o músico falando por telefone de Juazeiro do Norte, onde esteve esta semana lançando o livro.

108 Partituras de Toninho Horta é uma produção independente lançada pela produtora Terra dos Pássaros, de Toninho. O livro – lançado em junho e já indo pra segunda edição – levou quatro anos pra ficar pronto e fez o guitarrista vasculhar velhos arquivos em busca de lembranças pessoais e musicais. “Muita partitura se perdeu e tive que recorrer aos músicos que tocavam comigo”, lembra ele que contou com uma equipe que incluía suas irmãs. “Fiz tudo em casa”.

Toninho conta que, entre as partituras selecionadas para o livro, estão sucessos e canções mais raras, e já inclui canções do álbum que ele vai lançar em 2018. Belo Horizonte é um disco duplo que se divide entre inéditas e regravações, e conta com as vozes de Joyce, Lisa Ono e João Bosco. Ele também tem um convite para voltar a gravar no ano que vem em Nova York, onde ele morou por muitos anos. “Tenho uma expectativa grande por esse convite por que vai ter uma novidade, que sou eu cantando em inglês pela primeira vez”, adianta o músico que, mesmo conhecido pelo lado instrumentista, gosta do papel de cantor. “Gosto porque consigo refletir músicas minhas com uma divisão mais musical. Não que eu tenha uma bela voz. Lembrei que o Chet Baker fez um sucesso cantando, mas não tinha voz nenhuma. Não tenho essa pretensão. Mas muita gente me quer pra fazer vocal também. Descobri que os americanos gostam também”.

Serviço:
Jam Session com Toninho Horta
Onde: Café Couture (rua dos Tabajaras, 554 – Praia de Iracema
Quando: hoje, 20, às 20 horas
Quanto: R$ 20 (couvert)

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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