Com apenas um disco e um EP na bagagem, o quarteto Mad Monkees já conquistou destaque em alguns importantes canais de comunicação do Brasil dedicados ao rock. Sites como Tenho Mais Discos Que Amigos e Whiplash exaltaram o caráter cru, direto e explosivo da banda cearense. “O som firme, maduro e bem executado, deixa claro que além da influência de clássicos do rock como Led Zeppelin, Jimi Hendrix e Black Sabbath, também incorpora elementos de bandas mais atuais como Queens of The Stone Age, Foo Fighters, Royal Blood”, registrou o Whiplash. Sim, o caderno Vida&Arte e o DISCOGRAFIA também deram sua contribuição (que você pode conferir aqui).

Com a boa recepção do trabalho de estreia, eles lançam no próximo 27 de abril o primeiro single de um novo EP, que deve sair até o final do ano. Are You Going Mad? aponta, talvez sem querer, novos caminhos para o som da banda formada por Felipe Cazaux (guitarra/voz), Renan Maia (baixo), Capoo Polacco (guitarra) e PH Barcellos (bateria). Mas esse novo caminho vem sem perder a força e a crueza de um rock que há tempos não se ouve. O vocalista, guitarrista e compositor Felipe Cazaux falou conosco sobre esse pouco mais de um ano de trabalho do Mad Monkees. Confira.

DISCOGRAFIA – Como você avalia o trabalho do Mad Monkees nesse pouco mais de um ano de atividade? Onde houve acerto e onde precisa de reforço?
Felipe Cazaux – Eu acho que o Mad Monkees tem sido muito bem recebido pelo público e pelas pessoas que formam opinião e mídia em geral. O nosso objetivo é compor músicas legais, que tenham um sentimento verdadeiro e que digam algo, mesmo que seja em outra língua. O reforço vem com o tempo de acordo com o aprendizado e a vivência dentro do que se é necessário pra fazer a banda rodar. Estamos sempre aprendendo a melhorar em todos os sentidos.

DISCOGRAFIA – Fala-se muito sobre um esgotamento do rock, que o estilo vem sumindo do gosto dos ouvintes. O que você pensa sobre o assunto? Qual o espaço do rock na atualidade?
Felipe Cazaux – O rock sempre esteve aí, mesmo nos anos 1980 que menos gente ouvia, o Iron Maiden tava lá, o Metallica apareceu, e nos anos 1990 ele voltou pras rádios com o alternativo, grunge. Acho que esse é o ciclo. Mesmo quando as pessoas acham que ninguém mais ouvia, ele sobreviveu ao underground, e se não tivessem reinvestido nele durante os anos 1990, estaria como hoje. Alguma hora, alguém vai investir de novo e vai levantar. Queira ou não, o rock é um porto seguro. Sempre vai ter gente pirando em solo de guitarra e querendo gritar algo pro mundo.

DISCOGRAFIA – É impossível falar do Mad Monkees sem lembrar do produtor Carlos Eduardo Miranda, que trabalhou com vocês no primeiro disco. Qual foi a última vez que vocês estiveram juntos? Que lacuna a morte desse cara deixa para a música do País?
Felipe Cazaux – Nós tivemos poucas oportunidades de nos encontrar depois da gravação do álbum. Acho que a última vez que nos encontramos foi no Bananada, em maio de 2017, festival em que ele sempre estava presente. Mas nosso contato rolava muito por mensagens mesmo, até pela distância. E agora que vim pra São Paulo, ele acabou falecendo e deixa uma saudade e um legado enorme, um monte de amigos, um monte de disco bom pra gente ouvir, e tudo mais o que se possa pesquisar sobre ele. Infelizmente, não poderá ajudar mais ninguém presencialmente, mas podemos prestar atenção nas palavras, fez de coração a vida toda, um cara muito massa!

DISCOGRAFIA – Vocês já tocaram no Bananada e agora estão se preparando para estrear no Abril Pro Rock. Estes são dois importantes e resistente palcos do rock nacional. Como está a expectativa para essa apresentação?
Felipe Cazaux – A expectativa é se divertir, e botar a galera pra curtir também. É sempre bom poder tocar, e tocamos o que curtimos. Então, é jogo ganho! O melhor de tocar em festivais é a troca com o público novo e com as bandas. Sempre tem uma atmosfera incrível.

DISCOGRAFIA – O novo single da banda, Are You Going Mad?, me pareceu querer apontar novos caminhos. Ele vem com menos velocidade, mais arranjo e mais personalidade. Como essa faixa nasceu? O que você pode me falar sobre ela?
Felipe Cazaux – Are You going Mad? hahaha Não temos pretensão de diminuir o peso por enquanto. A ideia veio de um riff de blues. Eu perguntei se o PH se importava e ele curtiu. Aí desenvolvi as outras partes, como faço com as outras músicas e montamos a estrutura juntos um dia antes do PH gravar a bateria, e o Klaus criou o pulso do baixo, que dá uma cara groove na música. Estávamos prontos pra gravar bateria de outras três, mais pesadas e complexas. Quando passamos essa foi tão rápido e o resultado ficou massa, aí decidimos chamar a Cris (Botarelli, do far From Aalaska, que participa da faixa fazendo vocais e steel) e adiantar ela. Ainda temos essas outras na manga pra 2018.

DISCOGRAFIA – Esse mês vai ser lançado um trabalho em homenagem ao músico Rodrigo Gondim, que foi seu amigo. Pra você, quem foi esse cara?
Felipe Cazaux – Que legal perguntar do Rodrigo. Ele foi o cara que me ensinou a compor, a tocar, a saber até onde posso ir e aonde posso chegar de acordo com as minhas decisões musicais. Foi um verdadeiro amigo em muitas horas e eu sinto muito a falta dele. Tivemos muitos momentos massa. A homenagem está linda e tem a última música dele, que compomos juntos pouco antes dele falecer. Ficou massa! Inclusive parabéns a todos os envolvidos, especialmente a Ju (Frenkiel, tecladista e esposa de Rodrigo), o Bob (Mesquita, saxofonista) e o Dawlton Moura (produtor).

DISCOGRAFIA – O que o público pode esperar do Mad Monkees em 2018?
Cazaux – Mais shows e mais música, e o que a galera mais gosta, muito macaco nas camisas, capas, e outros lançamentos exclusivos da banda hehehe

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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