Foto: Fred Chalub/Divulgação

Por Teresa Monteiro (teresamonteiro@opovo.com.br)

Conhecida nacionalmente a partir do hit Ai, Menina, que integrou a trilha sonora da novela global Amor Eterno Amor (2012), Lia Sophia, após quatro discos lançados, parte para uma nova fase em sua trajetória com Não me provoca, quinto trabalho cujo título foi extraído de uma das 11 faixas, Eu me chamo Amazônia (com a performance do paraense Sebastião Tapajós). “É um nome para provocar mesmo. Para chamar a atenção, dar uma cutucada, e tem a cara do que a música diz. Ela, na verdade, faz um paralelo da força da mulher com a força da natureza. Fala da mulher forte, guerreira, ao mesmo tempo sedutora, que sofre e consegue superar”, resumiu a cantora, que convidou o carioca Pedro Luís para assinar a direção musical do CD.

“Sou fã do trabalho dele há muito tempo. Pedro Luís, eu considero um dos grandes pesquisadores da música brasileira e isso reflete nas músicas que ele faz, tanto na Parede quanto no Monobloco. Você percebe que ele tem um pouco de tudo nos seus trabalhos: funk, samba, o maracatu, o frevo, e fica uma cara muito pop. Foi essa cara pop que eu quis dar nesse trabalho, mas tendo a minha raiz, os tambores da Amazônia, o marabaixo”, explicou a cantora que, apesar de nascida na Guiana Francesa, iniciou a carreira na capital paraense e, antes de enveredar pela música, já foi frentista, vendedora de livros em escolas, dentre outras profissões. “Fiz mil e uma coisas!”, resume.

Não me provoca, lançado de forma independente pela produtora Vida Criativa, dividiu-se em gravações em Belém e Rio de Janeiro. Nas composições, em sua maioria escritas pela própria Lia, o ponto em comum – embora não proposital – recaiu na temática do feminino. “Na verdade, fiz umas 20 músicas e recebi mais algumas de outras compositoras, também mulheres – inclusive, foi uma solicitação minha desde o começo. Quando enviei ao Pedro Luís para a escolha do repertório, ele disse que a gente podia seguir por essa linha do feminino e, assim, ele foi costurando”, explicou Lia.

Feminino, sim, porém sem adentrar necessariamente ao feminismo. “O disco foi feito de maneira mais leve porque o meu modo de escrever e trabalhar é assim. Em Ela, a música é quente, dançante, festiva e, mesmo assim, traz uma mensagem. Mas realmente não faço das músicas um panfleto, para levantar bandeira. É uma música festiva, sim, mas que também leva uma mensagem. O que é difícil de fazer, né, uma música que faça dançar e faça refletir ao mesmo tempo. Mas acho que a gente conseguiu isso”, afirmou a cantora.

Além de Lia Sophia, engrossam o caldo do disco canções de autoria de Carla Maués e Cris Sousa (Hashtag), Nanna Reis (Fogo de Palha), Marquinhos Maraial, Tivas Miguel e Beto Caju (Me Chama), e Taísa Fernandes (Hoje é Outro Dia), que divide a parceria na música e também a direção artística de Não me provoca. “Carla Maués é autora de algum dos maiores sucessos da Banda Calypso, que é Cavalo Manco”, frisou ela, que também veio cercada de convidados especiais. A começar por Ney Matogrosso, que abre o disco com a faixa Ela.

“Acho que foi a primeira lambada que ele cantou na vida. Disse: ‘adorei a música porque ela é gostosa. Acho que a gente precisa falar dessa mulher’. Enfim… Foi um prazer trabalhar com um ícone como o Ney Matogrosso”, celebrou. Pedro Luís participa em Quero ver se segurar (voz) e Me Chama (violão de aço); Félix Robatto em seis faixas e Paulinho Moska, cantando e tocando em Me Beija. “Essa música é um merengue e o Paulinho trouxe uma cara super pop. O bacana foi que, na hora da gravação, ele tocou um instrumento chamado ronroco, trazido da Colômbia. O que influiu no arranjo porque a música também flerta com o pop latino”.

Lia Sophia, há quatro anos, reside em São Paulo. A saída do Pará foi, sobretudo, de ordem estratégica. “Senti essa necessidade de sair de Belém, de estar nos grandes centros, e muito por conta de Ai, Menina. Foi realmente um divisor de águas porque antes meu trabalho era mais restrito à região Norte”. Em relação à visibilidade, ela coloca a internet como grande aliada. “Somos a periferia do Brasil. Estamos no extremo norte. De uns tempos pra cá, conseguimos furar um cerco, mas temos muita coisa ainda para se mostrar. Acho que agora é um novo momento”, confirmou.

Apesar de todas as dificuldades, Lia Sophia é otimista em relação às suas conquistas. “Acho que sou uma artista de sucesso. Me vejo feliz por conquistar muita coisa, quando olho e vejo de onde eu vim e aonde estou, com grandes parceiros que já tive a oportunidade de gravar”.  “Não me provoca” encontra-se disponível em todas as plataformas digitais e, enquanto não retorna a Fortaleza, segue com sua extensa agenda de shows. “Estou divulgando o CD na estrada, em breve estarei de volta. Preciso encontrar um bom parceiro em Fortaleza, um bom produtor. As pessoas pedem muito aqui nas redes sociais pelo show”, concluiu.

SERVIÇO
Não me provoca – Lia Sophia
Produção musical: Pedro Luís
Participações: Pedro Luís, Ney Matogrosso, Paulinho Moska, Sebastião Tapajós e Félix Robatto
Vida Criativa
11 faixas
Preço médio: R$ 25

About the Author

Marcos Sampaio

Jornalista formado pela Universidade de Fortaleza e observador curioso da produção musical brasileira. Colecionador de discos e biografias. Admirador das grandes vozes brasileiras.

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