O maestro carioca Gilson Peranzzetta já foi apontado por Quincy Jones como um dos maiores arranjadores do mundo. Dedicado à música desde criança, ele já trabalhou com os mais importantes nomes da MPB e nutre uma forte carreira internacional. A seguir, Gilson comenta suas impressões sobre a obra de João Gilberto.
DISCOGRAFIA – Você lembra a primeira vez que ouviu João Gilberto?
Gilson Peranzzetta – Na realidade, meu primeiro contato com a obra do João foi quando eu ouvi o Chiquinho do Acordeon tocando O-ba-la-lá (composição de João Gilberto). Fiquei encantado com a composição e com a interpretação do Chiquinho.
DISCOGRAFIA – De que formas o João Gilberto e a bossa nova influenciaram seu trabalho e sua visão sobre a música?
Gilson – A bossa nova e consequentemente João Gilberto foram para mim um divisor de águas, a liberdade harmônica, a liberdade de interpretação, a junção do jazz com a música brasileira a forma minimalista de expressão vieram ao encontro do que eu imaginava musicalmente, ensinando que em música o menos é mais.
DISCOGRAFIA – João Gilberto é uma figura que sempre dividiu opiniões. Há quem chame de chato, gênio, não canta nada, melhor cantor, mestre do violão, violão chifrin… Pra você, o que é João Gilberto?
Gilson – Um grande artista brasileiro que imprimiu sua assinatura em tudo que fez e que soube dar sequência a sua carreira trazendo para si grandes músicos e cantores e que culminou o sensacional disco Amoroso, com arranjos maravilhosos do maestro alemão Clauss Ogerman
DISCOGRAFIA – João é muito admirado, principalmente na cena do jazz. O que ele trouxe para a música que causou tanto espanto, tanta admiração?
Gilson – A liberdade de expressão, divisão harmonização e a forma única de cantar que me faz pensar em de Chet Baker.
DISCOGRAFIA – Que análise você faz do músico João Gilberto?
Gilson – Inovador, inventivo, com um estilo próprio de cantar e tocar violão. E foi um dos criadores da bossa nova, junto a grandes compositores e intérpretes, nem sempre lembrados, como Johnny Alf e Tito Madi.