O professor e psicólogo Raymundo de Lima, mestre em psicologia escolar pela Universidade Gama Filho (UGF) e doutor em educação pela Universidade de São Paulo (USP) diz em seu livro: “A importância dos limites” que estamos vivendo numa pedocracia (poder da criança) e adolescencracia (poder do adolescente).

Essas afirmações são bastante inquietantes quando lembramos dos inúmeros casos apresentados pela mídia, como a criança Maísa, a Michele (adolescente de 15 anos que teve 40% do corpo queimado por uma bebida feita com fogo), ou mesmo o personagem Zeca, interpretado pelo ator Duda Nagle, da novela Caminho das Índias. E olha que estamos lembrando dos casos mais recentes, aqueles que são apresentados. E os inúmeros outros do dia-a-dia que não tomamos conhecimento?

Nos exemplos citados, o que observamos são pais e mães desesperados, sem poder de ação, muitas vezes negligentes e desconectados com a realidade dos filhos. Ou, no caso do personagem Zeca, permissivos demais e incentivadores orgulhosos das crueldades praticadas pelo filho.

Segundo o professor Raymundo de Lima, existem pesquisas indicando que faz menos mal aos filhos pais autoritários do que pais negligentes e permissivos, porque estes passam para a criança a sensação de abandono. “As crianças precisam de referências seguras, ainda que o mundo seja inseguro e incerto”, explica.

“O pai perdeu sua autoridade e a mãe não foi substituir esse vazio. Assim, a criança se encaminha para ocupar essa posição deixada por eles. Por isso, hoje temos adolescentes mandando, cobrando direitos e não cumprindo deveres. E também temos crianças sendo criadas, e não educadas, com muito poder de mando sobre os pais”, afirma Lima.

Meus pais sempre discutiram comigo e meu irmão sobre a importância dos limites, dos deveres e, principalmente, da liberdade com responsabilidade. O diálogo foi um forte aliado, até hoje, para os problemas que surgiam durante nossa adolescência.  Os limites eram colocados com clareza e sem retaliação. Muitas vezes não era fácil entender certas situações. Mas hoje agradecemos os limites. Eles nos fizeram viver socialmente, entender nossos desejos e respeitar o dos outros.

Para mim, limite não quer dizer proibição, mas orientação!

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About the Author

Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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