dieta-milagroUm levantamento apresentado como tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) traz dados obtidos junto a 206 adolescentes de Indaiatuba (SP), e aponta que o consumo médio do nutriente é de 680 mg diários, número inferior aos 1.300 mg indicados pelos médicos.

Outra pesquisa, que englobou dados de 1.250 adolescentes de escolas públicas de cinco cidades, Campinas, Piracicaba e Piedade (SP), Toledo (PR) e Seropédica (RJ), aponta o mesmo déficit no consumo de cálcio. “A grande preocupação é que os problemas não surgem agora. Mas, daqui a dez ou 20 anos teremos adultos jovens com osteoporose”, diz a nutricionista Rozane Bleil, responsável pelo levantamento de dados em Toledo.

As principais causas para a deficiência na ingestão da substância são a substituição dos laticínios, principais fontes de cálcio, por refrigerantes e sucos artificiais e a falta do café da manhã, refeição na qual a ingestão de laticínios é mais comum. “Nessa fase, as pessoas dormem mais e almoçam direto. Ou, então, acordam atrasadas e comem na escola alimentos menos saudáveis”, analisa a nutricionista Bárbara Peters, responsável pelo estudo da USP e pesquisadora do Ambulatório de Fragilidades Ósseas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Entre os adolescentes avaliados por Peters, os que tomavam café da manhã apresentaram as menores deficiências. De acordo com o hebeatra Benito Lourenço, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, a falta de cálcio é uma das principais preocupações em saúde alimentar do adolescente, ao lado da carência de ferro e da ingestão excessiva de calorias. “Nosso problema é garantir que a deposição de cálcio ocorra de maneira perfeita nessa fase, período de maior incorporação nos ossos”, diz.

É na adolescência que se forma boa parte do volume ósseo para toda a vida, o pico dessa massa ocorre entre os 20 e os 30 anos.

Uma dieta deficiente em cálcio contribui para um pico mais baixo e aumenta as chances de o indivíduo desenvolver osteoporose. “A população está envelhecendo, e estamos chegando à terceira idade piores. Acho que haverá casos mais precoces de osteoporose, especialmente de mulheres com qualidade óssea muito ruim na menopausa, porque tiveram uma adolescência malcuidada em termos alimentares”, alerta a endocrinologista Marise Castro, chefe do Setor de Doenças Osteometabólicas da Unifesp.

O trabalho da USP também constatou baixos níveis de vitamina D no sangue dos adolescentes. Esse nutriente tem a função de fixar o cálcio ingerido nos ossos, o que agrava ainda mais a carência do mineral. A deficiência é atribuída, pelos pesquisadores, à falta de sol, já que a maior parte da vitamina é sintetizada pelo organismo com a ajuda da luz solar. O trabalho nas cinco cidades ainda constatou baixa ingestão de vitamina A e de fibras.

Fonte: Folha de S. Paulo (SP), Julliane Silveira

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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