AlcoolismoA iniciação ao álcool é cada vez mais precoce. A atual geração de adolescentes começa a beber regularmente aos 14 anos, quase três anos antes da média exibida pelos jovens há cinco anos.

Os dados são do I Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira, de 2007, realizado pela Secretaria Nacional Antidrogas. A mudança preocupa porque, quanto mais cedo uma pessoa começa a beber, maior é a probabilidade de ela vir a ter problemas com o álcool: 9% dos adultos que deram os primeiros goles aos 14 anos passaram depois à categoria de dependentes.

Entre os que começaram a beber após os 21 anos, esse índice é de apenas 1%, segundo a publicação Uso e Abuso de Álcool, lançada pela Universidade Harvard em 2008.

As meninas é que causam mais preocupação. De acordo com o epidemiologista americano James Anthony, professor da Universidade Estadual de Michigan, as adolescentes de hoje compõem a primeira geração de mulheres que se igualam aos homens nos índices de alcoolismo.

E essa não é uma tendência exclusivamente brasileira. “No mundo todo, as moças estão alcançando os rapazes no que se refere aos problemas relacionados ao álcool”, diz. Entre outros motivos, elas se sentem estimuladas a competir com os garotos, como se a bebida fosse também uma área em que devesse prevalecer a equidade entre os sexos.

Começar a beber exige persistência dos adolescentes, por causa do gosto forte e amargo do álcool. Mas esse obstáculo foi superado por uma invenção que deveria virar caso de saúde pública: os ices. As misturas docinhas de vodca com suco de fruta ou refrigerante fazem a alegria da moçada. São o combustível das baladas e festinhas caseiras, que invariavelmente terminam em muito vômito.

Para o neurocirurgião do Hospital Brigadeiro, em São Paulo, Arthur Cukiert, os ices não apenas introduzem os jovens no consumo de álcool como os ajudam a ingerir doses cada vez maiores.

Segundo a psicóloga e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ilana Pinsky eles são um perigo a mais. Vendidos em todo lugar e vistos pelos pais como “menos ofensivos”, podem ser mais devastadores do que outras bebidas. “Apesar de terem teor alcoólico semelhante ao das cervejas, são consumidos como limonada”, diz.

É preciso mais atenção com nossos jovens. Alcoolismo é um caso de saúde pública e deve ser tratado como tal.

Fonte: Revista Veja – edição 06/09/2009

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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