O aumento dos casos de violência entre estudantes em cidades menores reforça a tese da banalização da violência escolar. A avaliação é de Sérgio Kodato, professor de psicologia social e coordenador do Observatório da Violência da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto.

violenciaPara o especialista, embora estejam localizadas em cidades menores, há escolas com número elevado de alunos, o que acaba reproduzindo o cenário visto em municípios maiores. Kodato ressalta que a falta de estrutura em muitas escolas, tanto de ordem pedagógica quanto física, propicia ambientes violentos. “A escola acaba se transformando em terra de ninguém”, observa. Segundo Kodato, a falta de estrutura acaba criando um grupo de alunos excluídos do processo pedagógico. “Esses alunos têm de mostrar que estão inseridos na vida escolar, ainda que de maneira violenta, e isso reforça a situação de miserabilidade e de carência extrema vivida por muitos jovens”, diz.

Em escolas que recebem investimentos e são modernizadas, a atitude dos alunos tende a ser diferente, diz o especialista. Para ele, os casos registrados em escolas de cidades pequenas devem ser vistos como um problema de toda a sociedade e não apenas da comunidade escolar e dos alunos envolvidos.

No Ceará, a maioria das ocorrências registradas na Delegacia do Adolescente em Conflito diz respeito a ameaças e agressões físicas e verbais, e 60% delas são envolvendo adolescentes apontadas como acusadas ou vítimas. As meninas lideram o ranking dos registros de ocorrências de ameaças e de confusões em escolas.

O que fazer para minimizar a situação? A mídia tem um papel importantíssimo nessa orientação, assim como a escola e a família. Temos que rever nossos comportamentos, vocabulários e atitudes para provocar uma mudança geral, radical mesmo, já que o assunto é de responsabilidade de todos nós.

Violência não pode mais gerar violência. Temos que dialogar. Esse é o caminho.

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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