Mais uma vez a história se repete: crianças em papeis inapropriados na televisão brasileira. Depois reclamamos da precocidade, dos desajustes e desequilíbrios infantis e adultos, por que não?

Fiquei impressionada ao assistir a novela “Viver a vida” essa semana. Quando me deparei com a personagem vivida pela “atriz” Clara Castanho, que interpreta a filha da Giovana Antonelli na trama, levei um tremendo susto. Logo na primeira cena a criança entra na loja e faz com que a mãe (desempregada) compre tudo que ela escolheu: vestido, sandália e até um chapéu, sob a ameaça de fazer um escândalo!

Em outra cena a personagem é bastante elogiada pela personagem principal da novela, a Helena, vivida pela Taís Araújo, ao falar tudo que pensa, mesmo que para isso sua mãe ou outra pessoa seja constrangida publicamente.

O Ministério do Trabalho já se pronunciou a respeito, enviando uma notificação ao autor da novela, Manoel Carlos, pedindo que o mesmo tivesse mais cuidado ao elaborar a personagem, já que tem menos de 18 anos e não conseguirá discernir o certo do errado.

infancia“Nem todas as manifestações artísticas são passíveis de serem exercidas por crianças e adolescentes. Uma criança de oito anos não tem discernimento e formação biopsicossocial para separar o que é realidade daquilo que é ficção. Isso sem contar com as eventuais manifestações de hostilidade que ela pode vir a sofrer por parte do público e não compreendê-las”, explicam as procuradoras Maria Vitória Sussekind e Danielle Cramer.

O mais engraçado foi como a mídia divulgou o fato. A maioria dos jornais, blogs e outros meios utilizaram a expressão: “Vilã Mirim”. Quem mesmo será a vilã? E ainda por cima mirim? A criança selecionada para o papel ou os “criadores” da pequena criatura?

Criança não trabalha! Não é atriz já que não estudou para isso e mais, não tem como entender todos os enredos e tramas, esse é um universo de adultos; com datas, horários e regras. Criança tem que viver sua liberdade em plenitude. Tem que brincar, conviver com outras crianças e, não ter que se submeter a um mundo que não é o seu. Impressionante como os pais incentivam isso e ainda acham normal!

Um ótimo tema para refletirmos. O que acham vocês pais, tios, avós, amigos e educadores sobre o tema?

 Aguardo seus comentários!

About the Author

Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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