Apesar do avanço no trabalho de inclusão de crianças com deficiência na rede municipal de ensino do Rio de Janeiro, ainda há alunos que não conseguem frequentar as aulas regulares. O menino João Marcos, de 5 anos, filho da recepcionista Priscila Felix Batista Gomes da Silva, que está desempregada, é matriculado na escola Reverendo Álvares Reis, em Inhaúma, zona norte, mas não está avançando no aprendizado.

Segundo Priscila, João Marco apresenta retardo na fala, agitação e falta de tônus muscular, mas ainda não tem diagnóstico. “Já tem três anos que ele está lá, esperando mediador. É complicado porque a professora não consegue dar conta, ele não está aprendendo nada. A professora reclama que ele não fica quieto, joga tudo no chão. Ela queria que eu tirasse João Marco, que ele não ficasse o período todo na escola. Eu disse não posso fazer isso, porque quero que meu filho aprenda”.

Priscila conta que já procurou a ouvidoria da Secretaria Municipal de Educação (SME), mas não foi atendida. “Eles alegam que se não conseguem estagiário nem para quem tem diagnóstico, imagina para quem não tem. Agora, fiz uma reclamação na ouvidoria, eles falaram que eu podia ir lá na escola para ter uma resposta. Fui à escola e a diretora só falou que em agosto ia fazer contratações, mas até agora não chegou ninguém”. A diretora executiva da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae Rio de Janeiro), Tânia Athayde, afirmou que recebe relatos de que nem todos os alunos inseridos têm monitor. “A maioria tem um monitor na sala de aula, não é para aquela pessoa. A realidade que a gente ouve, dos relatos das pessoas, é que isso não se dá com essa regularidade como é transmitido”.

Segundo a secretaria, João Marcos está sem mediador no momento porque a rede está fazendo a renovação dos contratos e, assim que a questão for resolvida, ele será atendido. Após ser informada pela reportagem da Agência Brasil do caso de João Marcos, a diretora do Instituto Municipal Helena Antipoff (IHA), centro de referência em educação especial, Kátia Nunes, informou que uma equipe será enviada à escola dele para verificar o que está ocorrendo. Helena ressaltou que a inclusão não passa necessariamente pela presença de um monitor fazendo o acompanhamento individual e constante do aluno em sala, e sim por todo o contexto escolar de acolhimento da criança com deficiência. “Se o professor está tendo dificuldade com essa inclusão, é competência nossa, da SME, ir lá atender a esse professor e contribuir, porque entendemos que o desafio da inclusão não é só do professor, é de todos nós que estamos vivendo este momento. É uma questão de direito e que nós, professores e pedagogos, façamos valer isso para todos”.

Fonte: Agência Brasil

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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