Uma escola que respeite individualidades, que leve os alunos a colocarem a “mão na massa” e que ensine de maneira criativa. Esse foi o modelo encontrado pelo Portal Porvir – dedicado a mapear práticas inovadoras na educação – ao realizar uma pesquisa com 132 mil jovens para saber qual seria a “escola dos sonhos”. Diante desses anseios, um dos resultados do estudo chamou atenção: 75% dos entrevistados afirmaram que gostariam de utilizar recursos tecnológicos em sua educação.

Para Tatiana Klix, editora do Porvir, a mensagem é clara: os alunos não querem mais ser coadjuvantes na escola. Os estudantes estão mais engajados em promover mudanças em seus colégios e sua participação pode ser potencializada pela tecnologia.

– Assim como a tecnologia conseguiu revolucionar a maneira como a gente se relaciona, a saúde, o modo como as pessoas se locomovem, ela também muda a maneira como se ensina e se aprende, de forma que a escola converse mais com os anseios dos jovens e faça mais sentido para eles. Que ajude a enfrentar os desafios deste século – diz Tatiana. – O jovem vê muito mais sentido no que ele faz do que apenas em algo que leu. Quando alguém transmite um conteúdo e ele tem uma atividade passiva. O aluno tem a necessidade de participar da atividade e existem novas ferramentas que possibilitam novas formas de colocar a mão na massa.

A promoção de aulas mais práticas e com foco em uma participação ativa dos alunos foi a escolha da prefeitura de São Paulo para aproximar as escolas do modelo demandado pelos estudantes do século XXI. Foi em uma aula de robótica que um aluno cego desenvolveu, junto com seus colegas, um sensor para que não esbarrasse em outros estudantes durante o recreio. Também nessas aulas, uma estudante com deficiência física programou sua cadeira de rodas para funcionar de maneira mais adaptada às suas atividades cotidianas. Histórias como essas se tornaram frequentes a partir de 2015, quando o Núcleo de Tecnologias para Aprendizagem da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo começou a oferecer cursos que formassem os professores para atuarem com robótica.

A partir das oficinas, professores e alunos ganharam kits de robótica para levar às suas escolas. A iniciativa impulsionou o trabalho de professores da rede que já atuavam desenvolvendo modelos pautados nas novas mídias e hoje já são mais de 600 profissionais levando a nova linguagem para dentro das salas de aula. Atualmente, de 570 escolas municipais, 452 desenvolvem trabalhos relacionados a novas tecnologias.

– A motivação e o engajamento são o maior resultado que temos. A relação horizontal que se estabelece entre professores e alunos é nítida. Essa forma de ensinar e aprender os uniu. A robótica e a linguagem de programação abriu espaço para o potencial dos alunos com deficiência – contou Regina Celia Gavassa, coordenadora do Núcleo de Tecnologias para Aprendizagem da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

Mapear iniciativas inovadoras em escolas espalhadas pelo país é o trabalho desenvolvido pelo projeto Inova Escola, da Fundação Telefônica Vivo. A iniciativa acompanha de perto e presta consultoria para seis escolas públicas brasileiras para ajudá-las a encontrar sua vocação para a inovação. Uma das unidades atendidas é a Escola Municipal André Urani – Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais (Gente), localizada na Rocinha, no Rio. Os monitores do projeto se reúnem com a equipe da escola e debatem o foco daquela instituição. A partir disso, são feitos cursos de formação, entre outras práticas que ajudam a escola a colocar seus projetos em prática.

– Não tem uma receita. Cada escola tem seu processo de inovação, não há um igual ao outro. Esses processos são únicos. É a escola que diz o que quer fazer, por onde quer inovar e o que quer mudar- explica Mila Gonçalves, gerente de projetos da Fundação Telefônica Vivo, acrescentando ainda que eles também levam formação a qualquer escola interessada, a partir de cursos on-line:

– Com isso, conseguimos levar inspiração a muito mais escolas. Talvez assim consigamos ajudar as comunidades a fazerem as transformações que os jovens estão pedindo.

O Educação 360 Tecnologia é uma realização O GLOBO e Extra, com patrocínio da Petrobras, do Colégio PH e Fundação Telefônica, apoio da Unesco e Unicef, parceria de mídia da TV Globo, Canal Futura, revista Crescer, revista Galileu e TechTudo e colaboração do Instituto Inspirare e Porvir.

Fonte: O Globo

About the Author

Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

View All Articles