E que tal começar outubro com poesia? O Grupo Verso de Boca, criado no final da década de noventa e composto por estudantes do Curso de Letras da Universidade Federal do Ceará, estará em temporada e convida para mais um maravilhoso espetáculo.
Com a finalidade de compartilhar a poesia em todos os lugares e para os mais diversos públicos, o grupo apresenta o espetáculo “Augusto dos Anjos: o poeta do Hediondo” no Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno nos dias 5, 19 e 26 de outubro, às 19 horas.
Coordenado pelo professor e poeta Roberto Pontes e tendo direção cênica da professora Elizabeth Dias Martins, o Verso de Boca tem no currículo apresentações na Bienal Internacional do Livro no Ceará, no Festival Literário de Ipu, Festival Carioca de Poesia no Teatro Gláucio Gill do Rio de Janeiro, no Centro Cultural Banco do Nordeste e Theatro Sesc Emiliano Queirós, Centro Cultural Dragão do Mar Bom Jardim e tantas outras.
Fica aqui o convite para prestigiar esse espetáculo que é um mergulho pelos mais profundos poemas do paraibano Augusto dos Anjos, retraçando o seu percurso na busca do autoconhecimento.
Vamos juntos! A classificação é livre e a entrada é 1k de alimento não perecível! O teatro está localizado na avenida da Universidade, 2210, Benfica.
Integram atualmente o Verso de Boca: Carolina Sena, Daniel Pereira, Leo Cerqueira, Milene Peixoto, Carlos Henrique, Victória Vasconcelos, Kaio Tillesse, Brenda Nobre, Thaiany Santana e Silas Façanha.
Sobre Augusto dos Anjos
Augusto dos Anjos, brasileiro nascido no engenho “Pau d’Arco”, na Paraíba, no dia 22 de abril de 1884. É considerado um dos poetas pré -modernistas mais críticos de sua época, embora revele em sua poesia, raízes do simbolismo, retratando o gosto pela morte, a angústia e o uso de metáforas. Declarou-se “Cantor da poesia de tudo que é morto”. O domínio técnico em sua poesia, comprovaria também a tradição parnasiana. Durante muito tempo foi ignorado pela crítica, que julgou seu vocabulário mórbido e vulgar. Sua obra poética, está resumida em um único livro “EU”, publicado em 1912, e reeditado com o nome “Eu e Outros Poemas”.Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos faleceu em Leopoldina, Minas Gerais, no dia 12 de novembro de 1914.
Saudade
Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença, em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.
À noute qunado em funda soledade
Minh’alma se recolhe tristemente,
P’ra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.
E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,
Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.