Um estudo do Unicef mostrou o “crescimento alarmante” da morte de jovens negros, sobretudo do Nordeste. A partir dos dados mais recentes, de 2014, o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) evidenciou que 3,65 em cada mil jovens correm o risco de serem assassinados antes de completar 19 anos. Caso as condições vigentes há três anos não mudem, a entidade estima que 43 mil adolescentes possam morrer entre 2015 e 2021.

A pesquisa analisou os homicídios de adolescentes de 12 a 18 anos nos 300 municípios com mais de cem mil habitantes no país. Desde 2012, o número de jovens que morrem por agressão é proporcionalmente maior que o dos demais brasileiros. Em 2014, foram 31,6 homicídios em cada cem mil adolescentes, diante de 29,7 a cada cem mil pessoas no geral.

Trata-se do maior IHA desde o início da série histórica. Na visão do representante da Unicef no Brasil, Florence Bauer, os dados refletem a falta de oportunidades, que “tem determinado cruelmente a vida de muitos adolescentes”.

“Enquanto o Brasil nas últimas décadas conseguiu reduzir a mortalidade infantil significativamente, o número de mortes entre os adolescentes cresceu de uma maneira alarmante. É primordial que o país valorize melhor a segunda década de vida e dê à adolescência a importância que ela merece”, ressaltou em texto divulgado pela entidade.

O cenário de aumento de risco a adolescentes contrasta com a redução da taxa de mortalidade infantil. A perda de crianças menores de 1 anos caíram de de 95.938, em 1990, para 37.501, em 2015. No mesmo intervalo, de acordo com o Datasus, o número de adolescentes assassinados subiu de de 4.754 para 10.290.

Risco maior para jovens nordestinos

O estudo também mostrou que o risco é maior para jovens nordestinos, o que indica uma “nordestização da violência”. Das dez capitais mais violentas para adolescentes, sete ficam no Nordete, segundo o Unicef. Fortaleza registrou o maior IHA, com 10,94 homicídios a cada cem mil jovens. O Rio ficou em 19º lugar, com índice de 2,71, e São Paulo, em 22º, com 2,19.

Em 2014, os adolescentes do gênero masculino corriam 13,52 vezes mais risco que as jovens mulheres. Já os negros entre 12 e 18 anos estavam 2,88 vezes mais ameaçados em relação aos brancos. Segundo a entidade, a probabilidade de o jovem ser morto por meio de arma de fogo é 6,11 maior em comparação com outras vias.

Fonte: O Globo

About the Author

Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

View All Articles