Os planos anunciados pelo MEC (Ministério da Educação) para tentar reverter os baixos níveis de alfabetização indicam uma possível superação com relação à polêmica acerca da idade certa para que isso aconteça.

Enquanto o governo tem defendido a meta para o 2º ano, o entendimento mais forte dentro do CNE (Conselho Nacional de Educação) é que o chamado ciclo de alfabetização se encerre no 3º ano. O CNE analisa a versão final da Base Nacional Comum Curricular e este é um dos pontos em discussão.

Apesar do processo envolvendo a base, o MEC já direcionou os esforços da nova política de apoio à alfabetização para os dois primeiros anos. São nestas séries que atuarão os chamados professores assistentes.

A pasta ainda vai adiantar para o 2º ano a próxima edição da ANA (Avaliação Nacional de Alfabetização). As duas primeiras, em 2014 e 2016, foram feitas no fim do 3º ano.

Essa prova foi criada no âmbito do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, em 2013. O programa estipulava como meta o 3º ano.

Na ANA de 2016, cujos resultados foram divulgados em novembro, constatou-se que mais da metade das crianças no 3º do ensino fundamental de escolas públicas têm conhecimentos insuficientes em leitura e matemática –55%.

Análise

Denis Mizne, diretor da Fundação Lemann, diz que o país não pode olhar os resultados ruins e entender que seria “difícil demais” progredir. Para ele, já há experiências no país de redes e escolas que alfabetizam até o 2º ano.

“É importante a priorização, no primeiro e segundo o ano, do processo de alfabetização, sem a qual o aluno não vai conseguir avançar em nenhum outro ponto”, diz.

Defensor da meta até o 3º ano, Cesar Callegari, que preside a comissão que analisa a base no CNE, reconhece que a ANA induz a consolidação do entendimento do MEC. “Mas o mais importante é que haja na base uma progressão clara a cada ano”.

Para Olavo Nogueira Filho, do Todos Pela Educação, falhas na formação dos professores podem dificultar o processo. “Não basta colocar mais um professor na sala [como anunciado], isso tem que vir com bom preparo.”

Professor da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse destaca a falta de conexão entre a divulgação dos resultados da avaliação e as possibilidades de intervenção nas escolas. Tanto pelas dificuldades de saber, pelos critérios da ANA, o que é de fato estar alfabetizado quanto pelo atraso com que os resultados chegam às escolas.

“Os dados chegam no fim do ano e dizem respeito a alunos de 2016. Quando a escola quiser discutir, estará com defasagem de dois anos.”

As escolas ainda não receberam boletins pedagógicos com os resultados, o que deve ser feito nos próximos dias, segundo o MEC.

Fonte: Folha de São Paulo

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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