Imagem: Três crianças, de costas, correndo em um corredor (Foto: Viktor Braga/UFC)

Artigo produzido por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará, em parceria com a Harvard School of Public Health, dos Estados Unidos, foi publicado pela renomada revista científica Plos One. O estudo revela um cenário preocupante sobre o desenvolvimento infantil no Ceará, ao mostrar que 9,2% das crianças do Estado têm atraso em pelo menos um domínio do desenvolvimento, ao passo que outros 24% apresentam risco de atraso. Esses percentuais são considerados elevados pelos pesquisadores.

As principais conclusões da pesquisa são que o Ceará tem alta prevalência de meninos e meninas com atraso e com risco de atraso do desenvolvimento, e que as crianças com pior situação socioeconômica registram prevalência ainda maior de atraso.

“Essa situação pode se tornar uma perpetuadora de pobreza, dado que estas crianças terão, quando adultas, menor desempenho escolar e profissional”, explica o Prof. Hermano Rocha, do Departamento de Saúde Comunitária da UFC e que realiza pós-doutorado em Harvard. Segundo ele, as deficiências no desenvolvimento infantil acabam gerando uma “espiral negativa” na vida dessas pessoas, limitando suas condições e oportunidades.

O Prof. Hermano Rocha, do Departamento de Saúde Comunitária, falando ao microfone, sentado, durante um evento (Foto: Divulgação)

O artigo é intitulado “Prevalence and socioeconomic determinants of development delay among children in Ceará, Brazil: A population-based study” (Prevalência e determinantes socioeconômicos do atraso no desenvolvimento de crianças no Ceará, Brasil: um estudo de base populacional). O trabalho aborda ainda a influência do programa Bolsa Família no desenvolvimento infantil. “Especificamente, verificamos que, dentre as famílias com renda compatível com a participação no programa, as que eram beneficiadas por ele tinham desenvolvimento melhor que as não beneficiadas”, diz o Prof. Hermano.

Os pesquisadores sugerem a formulação de estratégias populacionais de identificação de atraso do desenvolvimento infantil e o incremento de políticas públicas de combate à pobreza como formas de reduzir o problema.

O artigo apresenta e analisa os primeiros resultados da sexta edição da Pesquisa de Saúde Materno-Infantil do Ceará (PESMIC), realizada em 2017. Foram analisadas 3.566 crianças de todo o Estado. O instrumento utilizado é o Questionário de Idades e Estágios (ASQ, na sigla em inglês), que avalia cinco domínios do desenvolvimento infantil: comunicação, coordenação motora ampla, coordenação motora fina, resolução de problemas e habilidade pessoal social. São avaliadas crianças de zero a 66 meses (5,5 anos) de idade.

Também assinam o artigo os pesquisadores Luciano Lima Correia (Departamento de Saúde Comunitária da UFC), Christopher Robert Sudfeld (Harvard), Sabrina Gabriele Maia Oliveira Rocha (Departamento de Saúde Comunitária da UFC; Centro Universitário Christus); Álvaro Jorge Madeiro Leite (Departamento de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente da UFC); Jocileide Sales Campos (Centro Universitário Christus) e Anamaria Cavalcante e Silva (Centro Universitário Christus).

Fonte: Prof. Hermano Rocha, do Departamento de Saúde Comunitária da UFC ‒ e-mail: hermano@ufc.br

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Valeska Andrade

Formada em História pela Universidade Federal do Ceará e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especialista em Cultura Brasileira e Arte Educação. Coordenou o Programa O POVO na Educação até agosto de 2010. Pesquisadora e orientadora do POVO na Educação de 2003 a 2010, desenvolveu, entre outras atividades, a leitura crítica e a educomunicação nas salas de aula, utilizando o jornal como principal ferramenta pedagógica. Atualmente, é professora de história da rede estadual de ensino. Pesquisadora do Maracatu Cearense e das práticas educacionais inovadoras. Sempre curiosa!!!

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