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Não sei se você vai concordar comigo, mas para mim tenho a certeza de que roupa branca, seja ela qualquer peça: blusa, camiseta, calça , short e até mesmo as peças íntimas, todas elas atraem líquido, digo líquido me referindo à bebidas, à desastres de algum lesado ou lesada. Me entenda que eu sou expert no assunto, não de usar roupas brancas, pois sou adepto sempre do pretinho básico, gosto do branco, mas com o preto me divirto mais e sim me garanto em derrubar bebidas, comidas e derivados nas pessoas e em mim mesmo. Já fiz várias vítimas, poucas vezes fui vitimado, ganho em disparada no quesito desastrado.
Ontem mesmo ao sair com alguns amigos para uma comemoração de última hora de aniversário de um colega de infância, cometi mais um crime. Derrubei um sex on the beach (traduzinho para o portugûes: sexo na praia- risos) todo na roupa do meu amigo. E qual era a cor da peça? Branca! White! Blanc! Entre a música que tocava absurdamente alta pedi as minhas míseras desculpas e tentei resolver o assunto do meu jeito. Peguei alguns lenços, guardanapos e comecei a secar. Pense na cena: um bar lotado, uma música estrondosa, meu amigo bêbado e eu secando a roupa da criatura. Não é um mico? É! Aí é que entram as figuras do seus amigos, todos rindo e falando bem cearense “mangando” de você, claro todos tri, ultra, hiper bêbados, por isso não levei tão a sério isso. Passado o susto, tudo se acalmou e foi aí conclui para mim mesmo que roupa branca, seja ela de qualquer marca, qualquer tamanho, qualquer tecido, todas, digo todas atraem bebida. Acho que são belas papudinhas que adoram ficar encharcadas de álcool, de refrigerante, de suco, de chá, de água, de líquido.
Depois desse crime, relembrei de outros que já havia cometido, mas dessa vez foi com a ajuda de minha irmã mais velha e da minha mãe. Preste atenção na situação que vou lhe contar agora, meu caro amigo. Estávamos comemorando em um restaurante, o aniversário da minha irmã mais velha, todo mundo junto, toda a família, pai, mãe, filhos, tios, primos enfim, all together. Depois de muitas bebidas, música, pizza e conversa, eu sou o primeiro a atirar. Derrubo um copo de coca cola, um copo se não me engano deveria ter uns 250 ml cheio de refrigerante na camisa branca-nova do marido da minha irmã, meu cunhado. Claro que foi sem querer, não pense que sou mau a esse ponto. Quase ninguém ligou, nem o próprio vitimado, disseram que isso acontecia, ele educado limpou a camisa e esperou secar, até que secou. Minha irmã mais velha, a aniversariante, propôs um brinde pela sua data de nascimento e pelo momento familiar que estávamos tendo. Ok, todos levantaram seus copos, suas taças, seus drinks particulares e tim tim! Brindamos lindamente, um brinde que merecia foto, pois ao colocar o copo sobre a mesa minha irmã despejou um copo de vinho tinto na camisa branca já vitimada de meu cunhado. Todos ficaram boquiabertos, o que aquele rapaz fez por merecer isso? Minha irmã do meio, descontrolada como sempre, começou a falar besteiras, dizendo que teríamos que pagar a blusa, pois tinha sido muito cara, que isso que aquilo e aquilo outro. O cunhado calado estava calado ficou, também com dois acidentes desse em cima dele é de ficar sem palavras mesmo.
Pedidos de desculpas feitos e aceitos, partimos para a saideira. Eu fui de tequila, alguns cervejas e minha mãe de conhaque. Foi aí que o terceiro ato aconteceu, ao desequilibrar o copa na sua mão, minha mommy derramou toda a bebida na camisa de quem? Adivinhe de quem? Isso mesmo, do meu cunhado, pobre coitado. Em uma só noite levou banho de refrigerante, vinho e conhaque, todos na mesma blusa, no mesmo dia. Isso não poderia estar acontecendo, coitado. Uma vez tudo bem, mais três vezes, ou é falta de sorte ou é muito azar, não acham não?
Depois dessas e outras volto a dizer, que roupas brancas são alcoólicas, são papudinhas, são bebarronas, são boêmias, querem todo o tipo de bebida, quente, fria, amarga. As bebidas se sentem atraídas por esse ímã claro, querem diluir-se nos tecidos, nas camisas tão bem passadas, nas peças tão bem feitas, querem realmente acabar com a festa. E se o camarada já não estiver para lá de Bagdá ou vendo estrelinhas realmente vai acabar a festa. Pois convenhamos que é uó todos estarem limpinhos, com seus belos drinks na mão, conversando civilizadamente e você baleado por álcool, vitimado pelos desastres alheios e também seus, é de acabar com qualquer festa, qualquer comemoraçãozinha que seja, é trash.
Isso poucas vezes aconteceu comigo e eu que não perdoo nem eu mesmo, fingo que está tudo bem, mas por dentro rogo todas as pragas existentes na criatura, que ela quebre a perna, que todos os seus drinks caiam, que ela quebre a torneira da pia quando for ao toilette, todas as pragas, piores do que a do Egito, eu sei que isso não é legal, mas não compartilho as idéias com ninguém, basta o meu eu lírico que fica escrevendo e fixando a imagem da criatura que fez aquilo, para que em um futuro breve eu venha fazê-lo do mesmo jeito, desculpem, mas sou vingativo.
Então caros amigos e amigas, boys and girls, quando usarem roupas brancas fiquem longe de pessoas desastradas como eu. Quando tiver tomando café, ou quando tiver tomando chá com biscoitos de polvilho, ou quando tiver tomando um refrigerante em um sábado quente, ou uma limonada, ou um drink, uma cerveja, um soro. E para os desastrados de plantão, não se sintam inibidos, não parem suas vidas por causa desses distúrbios que vos acometem , o que indico é andar com um grande cartaz avisando: Mantenha distância, por favor. Fica a dica. Beijos.

 

Texto: Eduardo Sousa || Imagem: Internet

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