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O medo era muito grande. Temia-se que o carnaval propriamente dito não fosse tão legal e divertido e prazeroso para os que ficariam aqui em Fortaleza quanto foi o pré-carnaval, cheio de blocos e marchinhas e barulho, para todos os gostos. E no carnaval, como seria o cardápio de festas aqui? O medo foi um quesito importante pras pessoas que queriam ficar em suas terras, mas o fato de que não existia bom carnaval por essas bandas alencarinas fez muita gente partir para o interior do Estado ou capitais tradicionalíssimas da festa carnal, como o Rio de Janeiro, Salvador, Olinda (foi um dos meus melhores carnavais, quando passei por lá).

Não sei se por questões políticas, culturais ou apenas pelo querer do povo, teve um carnaval aqui sim, e sem querer, mas já querendo ser otimista demais, foi até melhor do que Olinda, sim, esse ano  foi sim. Foi possível ver as ruas de Fortaleza infestada de alegria, não existia escassez de água, nem de energia, nem poluição, ninguém sabia de nenhum escândalo da Petrobras ou qualquer outra empresa, era como se as pessoas tivessem esquecido de tudo isso nesses quatro dias de folia. O cardápio com as atrações foi à favor de todos os gostos e desgostos do povão. De hip hop  à frevo, de samba ao funk, de maracatu à blocos de brega. Bandas que tocavam Luiz Gonzaga e Cazuza fizeram a festa e o povo ficou alucinado com o ritmo tão festivo, saudável e seguro.

Esse é outro ponto onde quero chegar nesta crônica depois da quarta-feira de cinzas: a segurança. Eu me diverti com os meus amigos e afins os três dias de carnaval. Sábado, domingo e terça-feira, na segunda, eu descansei a beleza e fiz a linha caseiro, até porque o último dia de festa teria que ser fechado com chave de ouro, prova disso foi eu chegar em casa às três horas da manhã de quarta-feira, as cinzas já estavam nas calçadas, não era mais carnaval, tinha acabado o que era doce. Mas, enfim… o  xis da questão é que nesses dias de folia, onde eu estava não teve uma briga, eu não presenciei nenhum assalto, nenhuma saidinha bancária(olha que tive que ir nos caixas vinte e quatro horas pra poder me abastecer do  papelzinho do poder, mais conhecido como money) e não houve nada, é pra glorificar, ou era, pois depois que passa essa data, tudo muda, todos os problemas voltam ao normais, todos aos seus postos, mas nos quatro dias, as famílias, com suas crianças, seus idosos, seus cachorros, fizeram a festa, todo mundo muito seguro e feliz, claro.Salve infelizmente os acidentes que ocorreram nas estradas, na minha opinião, esse foi um dos carnavais mais seguros que já presenciei.

Os blocos como Sanatório Geral , Luxo da Aldeia, As Gata Pira levaram a galera à loucura, todo mundo eufórico gritando, brincando, beijando, se divertindo, fazendo valer a pena a estrutura que nos foi proporcionado nesses quatro dias. As Fridas aos lados de Cazuzas, de Amys, de Carmens Mirandas, de Chacrinhas ficaram se juntaram, na chuva, no sol, no calor, no abafado. Criança com adulto, com cachorro, com idosos, todos fomos um só neste carnaval, Fortaleza foi a cidade do  carnaval.

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Agora é preciso rezar para que os próximos anos sejam iguais ou melhores, nada de regresso e sim progresso, a cidade agradece e os foliões também. Foi bonito fazer uma cidade como a nossa, tão desvalorizada por nós mesmos, por ene questões, um palco de festas, de celebração, de paz. Agradeço aos envolvidos e espero do fundo do meu heart, que isso se repita por muitos e muitos anos. Isso é pra mais tarde, o agora é voltar aos afazeres e botar o nosso bloco na rua. Au revoir.

 

 

 

Texto e fotos: Eduardo Sousa