“Elefantes brancos”, antes uma raridade na selva africana, graças ao futebol os estádios da Copa vão se transformar em atrações turísticas ao lado de girafas, leões e rinocerontes.Sem saber ainda o destino daqueles mastodontes de concreto, o mundo agora e pergunta: O que fazer das vuvuzelas?

A origem da expressão “elefante branco” não vem da política brasileira, que segundo alguns refere-se ao vice ou suplente que as coligações enfiam goela abaixo dos titulares. É o caso, por exemplo, do “filhote de elefante branco” que o DEM inventou para substituir Alvaro Dias. Se para os leigos o desconhecido deputado carioca foi uma surpresa, para os especialistas o arranjo causou espanto: num partido que só tem caciques, onde foram buscar um índio para o Serra?

“Elefante branco” (a expressão, não o vice) vem de um antigo costume do Reino de Sião, atual Tailândia, onde o raro elefante branco é considerado animal sagrado. Quando um exemplar era encontrado, imediatamente ia para arsenal de maldades do palácio real: se um dos cortesãos caísse na desgraça do rei, este o presenteava com um desses raros animais.

O infeliz não podia recusar o presente, nem passá-lo adiante, pois o mimo era um sagrado presente real. A obrigação era cuidar, alimentar e manter o animal para o resto da vida, o que representaria hoje um cidadão sustentar o Nelson Justus até o fim do mandato.

Não se sabia que os africanos tinham um humor assim nas alturas, mas por estes dias o comandante de um voo entre Johannesburgo e Port Elizabeth fez com os passageiros uma gracinha que revela o clima de fim de festa: “Se esta é sua primeira visita à África do Sul, seja bem-vindo. E volte no futuro: precisamos dos seus dólares para terminar de pagar todos esses estádios de futebol”.

A mesma piada que ainda ouviremos num voo entre Curitiba e São Paulo, na Copa de 14: “Se esta é sua primeira visita à capital do Paraná, seja bem-vindo. E volte no futuro: com seus dólares o Atlético precisa terminar de pagar a Arena da Baixada; e a prefeitura necessita pagar a promessa do metrô que ainda não saiu do papel”.

Voltando ao rápido continente africano, e dando os “elefantes brancos” da Fifa como espécies perdidas, é preciso saber ainda qual o destino de milhares de vuvuzelas que flagelam os ouvidos do planeta? Serão enterradas do deserto do Saara? A Inglaterra irá adotá-las para o próximo campeonato inglês? Na Itália, um concerto de vuvuzelas no Teatro alla Scala di Milano vai saudar o retorno Berlusconi desta expedição sexual no Brasil? Os franceses vão batizar de vuvuzela um novo prato à base de cuscuz, mostarda e pescoço de girafa?

Alguma coisa o governo sul-africano há de fazer para controlar essa praga que pode se revelar uma desgraça maior que a AIDS. Dizem as agências de notícias que “um zimbabuano perdeu um olho em uma briga por causa de uma vuvuzela na cidade de Bulawayo, no ataque de três adolescentes que queriam recuperar a irritante trombeta de plástico, que, segundo eles, teria sido roubada pela vítima. O homem, que foi atacado em sua casa, recebeu golpes no peito e caiu no chão durante o ataque, informou a imprensa local, acrescentando que um dos golpes acabou fazendo com que a vítima perdesse um olho. O homem foi internado e seus agressores, apesar de terem sido presos, foram colocados em liberdade após o pagamento de uma fiança de 100 dólares”.

Para dar um destino às vuvuzelas que ensurdecem o mundo, temos o dia de hoje para pensar melhor. Quem sabe a Mama África exporte vuvuzelas para o Brasil, como contribuição africana para a Copa de 14; e em troca mandamos o Dunga treinar a seleção sul-africana?

Ou então vamos vestir uma camisa amarela e sair por aí, com a boca no trombone?

Fonte: PARANÁ ONLINE | CIDADES/NOTÍCIAS

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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