Por:José Osvaldo G. dos Santos – Parnaíba/PI

Médico Ortopedista

O “Diário de Natal” publicou uma carta patética sobre o aviltamento da profissão médica, caracterizado pela desvalorização do “Coeficiente de Honorários” em 308% nos últimos nove anos, o que representa um decréscimo no valor recebido pelos profissionais, se calculado em dólar, em 351%.  Em todos os meios de comunicações  encontramos críticas sobre esta milenar profissão, pesquisas recentes têm demonstrado que estamos em 3ª colocação no ranking de credibilidade junto a sociedade, éramos os primeiros. Aqui, temos alguns suspeitos, para que sejam investigados e inocentados ou punidos se culpados.

PRINCIPAIS SUSPEITOS: HIPÓCRATES; o pai da medicina; O governo; os políticos; o judiciário; outras profissões da saúde; toda a sociedade;  mídia; os próprios médicos.

HIPÓCRATES?  O pai da medicina, deixou a “criatura” muito bem direcionada, porém, não imaginava que muitas coisas mudariam, então fez seu juramento que passou a ser admirado por todos e  seguido atualmente  por poucos.Disse ele  ” Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higeia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.(….). Quando o pai da medicina, proferiu tas palavras que tornaram imortais, estava longe de compreender a realidade atual da humanidade. É importante lembrar que o juramento foi feito pelo Hipócrates. E com o atual preço das mensalidades nas faculdades de medicina, fica muito contraditório com o “juramento” do pai da profissão, então, é inocente ou culpado?

O GOVERNO?    Detentor do maior índice de acusações, por tudo que não está dando certo, este é de cara um grande envolvido nestas questões. Participa como fundador dos cursos de medicina sem critérios, na qualificação e financiamento dos formadores de médicos, libera verbas para sustentabilidade do setor, ditas medidas e regras de funcionamentos da saúde são o maior empregador do setor e participa das leis que regem a profissão.  Diante de tais fatos pode-se dizer. É inocente ou culpado?

OS POLÍTICOS?  Acusar políticos é a coisa mais fácil do mundo, parece que sua própria natureza, já carrega consigo o ar do descrédito, estando sistematicamente ocupando o banco dos réus, porém, eles compram votos sim, porque tem quem venda, participam das construções das leis, aprovam medidas, mediante propinas, buscam interesses próprios e uma maneira mais fácil de “arrumar” na vida, para eles enquanto tiver pior, melhor, o voto fica mais fácil e barato. Por que se importariam se esta ou aquela profissão está boa ou ruim? Afinal,  seus “objetivos” são muito claro. Ou alguém tem alguma dúvida? Aí, culpados ou inocentes?

O JUDICIÁRIO?      Compondo o tripé da democracia,  juntamente com o legislativo e o executivo, não podemos deixar de tecer algumas considerações  sobre o poder judiciário, possui capacidade decisória forte, mas, assiste muitas vezes adormecido “dilúvios e apocalipses” aguardando ser “provocado”, pois pouco age, usando o pressuposto de que cumpre somente os dispositivos legais, segue aqui uma frase que ouvi de um homem da lei. “Para os amigos as beneficias das leis, para os inimigos e adversários o rigor das leis”. Portanto parece que não se envolver é menos trabalhoso e mais confortável, afinal seus problemas estão muito bem resolvidos. E este? Culpado ou inocente?

OUTRAS PROFISSÕES DA SAÚDE?   Podemos dizer que a saúde, jamais será feita apenas com uma profissão, ou seja, medicina. O fato é que neste universo competitivo, gera um ambiente distorcido da realidade, onde, ocorre um perca de identidade, gerando conflitos de interesses recheada com uma dose de inveja de um lado, descaso do outro. Neste contexto vale salientar que desde 2002, que  tramita no congresso nacional um projeto de lei que propõem regulamentar o que seria ato privativo da profissão médica. Tal projeto nunca avançou, pois tem contra todas as outras profissões não médicas da área da saúde, com o lema: “ diga NÃO ao ato médico”. Com isso podemos dizer; inocentes ou culpados?

TODA A SOCIEDADE?  Por razões diversas a sociedade mundial vem se voltando contra a profissão que propõe ajudar a humanidade em seu momento mais crítico da vida. Nos Estados Unidos, modelo de saúde para o mundo, os médicos necessitam de seguros profissionais, pois são alvos de cobranças indenizatórias milionárias, aqui em nosso meio já temos escritórios se especializando em defesa médica, os profissionais são sistematicamente, acusados  de má prática, do que fazem de errado ou não. Diante do caos que se desenha, a vitrine é o médico, que está cada dia mais sufocado entre o descrédito social e o descaso estrutural. Sem saída busca o enfrentamento, multiplicando cada vez mais o conflito e o desentendimento. Incapaz de compreender toda a complexa rede que compões o sistema de saúde, iludido com a falsa idéia de que, médico é um abastado, e não tem necessidades e sim deveres que não os honra. Esta sociedade é culpada ou inocente?

A MÍDIA?  Parece que nossa geração alimenta-se de notícias negativas e destrutivas, ruínas e sangue. Qualquer tele-jornal que se preza, noticia a última “desgraça” que aconteceu. Escândalos, mortes, destruições, catástrofes e outras coisas do gênero, fazem parte do cardápio do dia, compondo logo o assunto das rodas de conversações. Os estabelecimentos de saúdes tornaram-se estúdios de TV ou de rádios com os atores principais, médicos e vítimas. Divulgando exponencialmente, falha, erros e pouco se comenta dos acertos e pontos positivos. Podemos incluir a imprensa como uma das envolvidas nesta questão? Inocente ou culpada?

O MÉDICO?   Ator e coadjuvante, dessa trama, é sem dúvida o mais forte suspeito deste terrível crime, pois, por sua inobservância, envolveu-se e se deixou envolver em meio de todo este grande engodo. Julgando ser auto-suficiente, onipotente, onipresente e super capaz, foi incapaz de perceber que estava conspirando contra a profissão, pior ainda, vivendo e alimentando o dragão destruidor disfarçado e protegido pelo Dr. Um inofensivo e avassalador instrumento, propício para construir, porém, muito usado para destruir. O mais grave é que é uma arma muito conhecida usada por quem sabe usar. O médico “encolheu”, deprimiu, não caiu na real, ocupou-se, desatento despreocupou-se, ficou desarmado para a “guerra”, desesperado agora, entra em conflito de identidade, não sabe mais de que lado está ver seus aliados como inimigos, seus inimigos como amigos, se junta aos fortes para derrubar os fracos e aos fracos porque não tem saída e passa a apelar. Pisando no seu próprio eu, promove autofagia, sendo diariamente sugado e não percebe, pois julga “não ter tempo” para pensar nestas “besteiras” afinal, reflete; “isso não vai dar em nada mesmo”!? Será este culpado ou inocente? 

Diante destas reflexões, poderia ser “cômico se não fosse trágico”. Porém um cenário nada promissor está muito bem desenhado nesta profissão. Então pergunto ao caro e atento leitor; que tipo de médico deseja que lhe trate? A origem destes profissionais é duvidosa? Médicos confusos e mal estruturados e despreparados  produzem bons resultados? Estando eles insatisfeitos, nos receberão com satisfação? Isso tudo é exagero, então porque tantas greves destes profissionais? Será que realmente são muito gananciosos ou estão blefando? Tenho a esperança de que teremos uma benéfica profissão ajustada aos moldes de eficiência para o bem de toda a humanidade.

Fonte: http://www.crmpi.com.br/

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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