Em oito anos, o número de idosos que morreram após sofrer quedas cresceu quase cinco vezes no Estado de São Paulo, de acordo com dados da Secretaria de Saúde divulgados nesta sexta-feira (23). O levantamento, feito com base em informações referentes ao período entre 2000 e 2008, alerta sobre a importância de prevenir esse tipo de acidente entre os idosos e também para os cuidados médicos após a queda.

De acordo com o relatório, as mortes após esses acidentes saltaram de 253 em 2000 para 1.240 em 2008. No mesmo período, a mortalidade cresceu quase quatro vezes: o índice passou de 7,63 mortes para cada 100 mil idosos em 2000 para 28,42 oito anos depois.

A secretaria diz que os dados refletem o envelhecimento progressivo da população, com o aumento da expectativa de vida, e também que os casos estão sendo mais notificados.

O número de quedas costuma crescer à medida que a pessoa fica mais velha. Entre os 65 e 74 anos de idade, 32% dos idosos registram alguma queda no ano. Na faixa etária entre 75 e 84 anos, o índice cresce para 35%. Acima dos 85 anos, 51% dos idosos caem ao menos uma vez em 12 meses.

Anderson Della Torre, médico geriatra e coordenador clínico do IPGG (Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia), afirma que as quedas causam a morte do idoso não pelo acidente em si, mas, sim, pelas complicações durante a recuperação.

Isso acontece porque o paciente tem de ficar de cama, o que abre espaço para uma série de problemas como a trombose, que é a formação de coágulos nos vasos sanguíneos. A consequência mais temida desse problema é a embolia pulmonar, em que o coágulo se desloca para o pulmão, o que pode levar à morte.

Ficando deitado, o paciente também tem menor capacidade de expansão dos pulmões, o que dificulta a respiração. O idoso também sofre para eliminar secreções do corpo, ficando mais sujeito a doenças. Infecções na pele e no sistema urinário também são comuns em idosos acamados.

O médico diz ainda que é importante “colocar o idoso em pé”, iniciando o tratamento com fisioterapia, já nos primeiros dias após a fratura ou a cirurgia de correção para evitar esses problemas. O geriatra diz que é preciso saber as causas das quedas, que podem ser evitadas.

– Nas crianças, a febre é um sinal de doença, de que algo está errado. Nos idosos, a queda cumpre esse papel. Quando o idoso cai duas vezes em seis meses, ele já é classificado como “caidor crônico”. Então você faz uma investigação para indicar os motivos disso. É preciso descartar causas externas, como obstáculos ou móveis fora do lugar, e verificar se é um motivo de saúde, se ele não estava consciente, teve um mal estar e caiu.

Ele cita que o uso de remédios não adequados para a idade pode ser uma das causas desses acidentes. Para o especialista, é importante que o idoso seja tratado adequadamente não só para evitar a morte, mas também para que ele tenha uma boa qualidade de vida após a recuperação.

– Depois que o idoso cai, há questões sociais psicológicas e sociais que precisam ser observadas. Provavelmente ele vai ter mais medo de se expor ao risco, de sair à rua, o que pode evoluir para o isolamento social. Ele precisa ter uma boa reabilitação para não perder a autonomia e continuar a tomar banho sozinho, lavar roupa, estender roupa no varal, ir ao banco.

Fonte: R7  notícias.

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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