Após o período de férias escolares, a rotina de crianças e adolescentes começa a voltar ao normal. Os diversos itens utilizados em sala de aula – como cadernos volumosos, livros de diversas matérias e canetas de todos os tipos – retornam às mochilas e com ele um antigo (e conhecido) problema volta a alertar os pais, e, principalmente, a saúde de seus filhos: o peso da mochila.

Há dados estatísticos que demonstram que na Europa, três a cada quatro crianças em idade escolar possuem problemas de coluna, enquanto que, nos Estados Unidos, cerca de 23% das crianças e jovens que dão entrada em pronto-atendimentos de hospitais queixam-se de problemas na coluna causados pelo uso inadequado das mochilas. No Brasil, é cada vez maior o número de estudantes que apresentam problemas relacionados à coluna, sendo que este percentual se eleva na época da volta às aulas. Já para a Academia Americana de Pediatria as mochilas são as grandes vilãs em 60% dos casos de meninos e meninas com problemas nas costas e nos ombros.

Para a doutora Jacqueline Bertagna do Nascimento, coordenadora do Serviço de Fisioterapia e Reabilitação Postural do Instituto Paulistano de Neurocirurgia e Cirurgia da Coluna Vertebral, “é importante entender a coluna como a viga mestra de uma delicada edificação – neste caso o corpo humano -, sustentando e promovendo o equilíbrio das vértebras, dos discos intervertebrais (os quais funcionam como amortecedores deste sistema), além de músculos e ligamentos”.

A especialista ressalta que “todas estas estruturas podem ser diretamente afetadas pelo excesso de força exercida pelo peso exagerado das mochilas, que acaba empurrando o corpo para trás e, para compensar, automaticamente, os estudantes projetam os ombros para frente, comprometendo a coluna, o quadril (bacia) e mesmo os ombros”.

Como as crianças estão em fase de crescimento é imprescindível os cuidados com sua coluna vertebral. “Se o peso da mochila não for compatível com o peso da criança os problemas de postura, como escoliose e a hipercifose, podem trazer sérios danos funcionais e estéticos para o resto da vida”, afirma doutora Jacqueline.

Estudos demonstram que o peso da mochila não deve ser maior que 10 a 15% do peso da criança. Com tudo isso, a fisioterapeuta afirma que, “se pais, professores e principalmente alunos forem conscientizados quanto ao uso correto das mochilas e quanto à manutenção de posturas ideais enquanto permanecem estudando nas salas de aulas, menores serão as chances de ocorrerem as alterações na coluna e mesmo as dores recorrentes.”

Doutora Jacqueline cita algumas dicas para os estudantes evitarem os problemas de coluna, seja carregando suas mochilas, ou, então, na própria sala de aula:

> Mochila com alças: suas alças devem ser acolchoadas, com sua largura sem exceder o tamanho do dorso da criança e com altura sobre a região da cintura. Deverá estar ajustada ao tronco e carregada sobre os dois ombros. Jamais carregá-las em um só ombro pela sobrecarga em um lado do corpo. O modelo ideal é o específico para caminhadas (trilhas), pois tem uma tira que deve ser presa ao abdome, distribuindo melhor a carga;

> Mochilas de rodinhas: a altura correta da alça deve ser o suficiente para que a criança não tenha que se inclinar para puxá-la – o puxador deve ser ajustável a sua altura. Suas costas devem estar retas ao puxar a mochila, pois os movimentos de rotação quando muito intensos e regulares não são bem tolerados, causando dor;

> Na escola: o ideal seria conseguir regular a altura da cadeira para que os pés estejam apoiados e o quadril em contato com o assento. As costas devem permanecer retas e apoiadas no encosto. Braços, ombros e pescoços devem ser mantidos relaxados. O ideal é não permanecer por períodos superiores a duas horas sentado, por exemplo, à frente do computador. É importante a pausa para se movimentar, alterando a postura momentaneamente. Fonte: ABN

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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