Amputações fazem parte da história da Medicina há séculos. Num passado ainda recente, quando eram realizadas, o amputado ganhava um par de muletas e saía nelas apoiado. Depois surgiram as primeiras próteses que procuravam imitar esteticamente o membro perdido. Em algumas eram desenhados até os pêlos para que ficassem mais parecidas com o membro amputado. É evidente que não conseguiam atingir a finalidade proposta e continuavam sendo apenas uma prótese facilmente reconhecida quando se olhava para elas. Com o passar do tempo, essa filosofia modificou-se por completo. Atualmente, a prótese faz parte do tratamento de reabilitação, uma parte importantíssima, aliás. No entanto, a reabilitação dos amputados envolve uma conduta muito mais ampla. Não há mais a preocupação de imitar o membro perdido. Ao contrário, as próteses assumiram o papel a que se destinam, ou seja, de recuperar a função do membro lesado. Interessa fazer com que o amputado assuma sua nova condição, retome suas atividades rotineiras, possa praticar esportes e viver a vida em sua plenitude.

Cada indivíduo amputado deve ser avaliado minunciosamente e o nível de mobilidade (mobis) dele será um fator de extrema relevância para a prescrição da prótese mais adequada para ele. Para um idoso que deambula apenas em casa nunca será prescrita uma prótese que possa ser usada em terrenos irregulares. Infelizmente o que é “doado” pelo SUS nem sempre atende a todos os indivíduos, os pacientes jovens, por exemplo, não são bem atendidos pelas próteses cedidas pelo SUS, pois estas, de certa forma, limitam a locomoção destes.

A Fisioterapia desempenha papel primordial na equipe multidisciplinar que atua na reabilitação do indivúduo amputado. O Fisioterapeuta deve ser solicitado no pré operatório em amputações eletivas e de forma imediata no pós-operatório de cirurgias reparadoras de amputações traumáticas e nas amputações realizadas por alguma outra emergência clínica.

Ao contrário do que muitos imaginam a colocação de uma prótese não é algo simples e depende, na maioria dos casos, de duas fases: a pré protética e a pós protécica.

Na primeira fase faz-se necessário a preparação do coto para o recebimento da prótese, nela serão objetivos da Fisioterapia a Conificação (modelamento do coto através do uso adequado de faixas elásticas), dissensibilização, prevenção de contraturas musculares, melhora de força muscular, treino para melhora de quelíbrio estático e treino de transferência de peso sobre o mebro amputado, dentre outros, sempre de acordo com a necessidade e respeitando a limitação de cada indivíduo, não há receitas.

Já na fase pós protética será exigido do paciente, dentre outras coisas, a aprendizagem de como colocar a prótese de forma independente e os pacientes deverão aprender a dividir o peso de forma igual entre o membro são e a prótese e a partir destes primeiros passos essenciais o paciente será treinado para ter uma marcha com passos simétricos, boa cadência (velocidade). primeiramente será trabalhado com apoio bilateral e com a progressão será retirado um apoio e por fim o treino será sem apoio em terrenos planos progredindo para terrenos instáveis e irregulares e escadas e rampas.

Cada indivíduo evoluirá de forma particular, há de se levar em conta as comorbidades; pacientes diabéticos muitas vezes terão que fazer uso de aditamentos (muletas ou andadores) para auxílio, pois apresentam neuroparia diabética, a qual reduz seus níveis de força, equilíbrio e sensibilidade.

O Fisioterapeuta deve estar atento a cada situação e usar o máximo seus conhecimentos em Biomecânica, Cinesioterapia, Fisiopatologia e sobre próteses, além de sempre atuar em conjunto com ortopedistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e técnicos em ortopedia.

Devolver a mobilidade aos amputados é uma tarefa árdua, porém muito nobre e satisfatória.

Por Ewertom Cordeiro

About the Author

Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

View All Articles