São Paulo – Ao parar o carro em uma vaga de deficiente físico no estacionamento do supermercado, a funcionária pública aposentada Roseli Del Sasso, 44 anos, ouviu desaforos de um senhor: “Eu, que sou velho, tive de estacionar lá longe”, protestou. Ela não teve forças para explicar que sofre de esclerose múltipla. E, mesmo se tivesse, é bem possível que o motorista desconfiasse da explicação. Para 70% dos brasileiros, a doença é uma patologia típica da terceira da idade e está associada às demências – situações que não combinam com uma mulher loira, alta e jovial como Roseli.

O número que mostra o desconhecimento da população perante a esclerose múltipla é a conclusão de uma pesquisa feita pelo Ibope com 1026 pessoas e divulgada ontem. Trata-se, na verdade, de uma doença de origem neurológica que atinge adultos jovens, provocando uma progressiva dificuldade de andar, além de falta de equilíbrio e alterações da visão. “O brasileiro confunde porque popularmente chama as pessoas idosas com demência de esclerosadas”, afirma o neurologista Rodrigo Barbosa Thomaz, do Centro de Atendimento e Tratamento da Esclerose Múltipla (Catem) da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Segundo Thomaz, a esclerose acomete principalmente indivíduos com idade entre 20 e 40 anos e raramente provoca danos cognitivos. O médico diz que, apesar de não haver uma cura definitiva, o tratamento adequado e a longo prazo pode evitar limitações motoras. Além do físico, o emocional também é abalado – isso é, para Roseli, que convive com a doença desde os 22 anos, a principal angústia.

“O preconceito é absurdo, por isso as pessoas não falam, se fecham e não se cuidam. Elas têm vergonha de assumir”, relata. Por causa da doença, já sofreu duas paralisias quase totais no corpo, mas hoje, com tratamento e muita fisioterapia, conseguiu reverter o quadro. As informações são do Jornal da Tarde .

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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