Quando o olhar superava toda a paisagem aos meus olhos
Eram o mar, as ilhas, o caminho imperial,
Era o Rio de Janeiro, atravessando suas margens, seu cristo e seu pão de açúcar.
Meus pais a sorrir e eu no mundo encantado de alguns dias
Já era volta, entre náuseas e curvas da estrada delimitada, meu olhar
Uma inspiração, o aconchego e a vontade de liberdade, que me inspira
Em cada olhar, uma nova expressão, um novo sorriso e uma nova vertente.
De uma hora para outra, surge uma reflexão, algo inesperado.
Ela está sozinha, um risco permanente
Mas o que faz uma caixa sozinha, em uma estrada que mais parece o tal paraíso?
Fui indagado sobre a caixa no bagageiro do ônibus.
Mas enfim uma parada naquela travessia e a caixa nomeada a subir de posição
Eu já não tinha aonde sentar, desde o momento em que vi um acento vazio.
Sentaria eu bem atrás, no meu lugar a caixa e ela era apenas de papelão.
Eu em minha opinião formada, quase rejeição, não contive.
Indignação proferida, cogitei ser menos importante que a caixa.
Ouvi o inesperado, a caixa está cheia de seus sonhos
São livros e todos autografados por quem tanto admira, se perdidos serão só memórias.
Acordei naquele instante, a caixa não era a substituta do meu ponto de vista
Era eu e minhas armaduras
Era eu e meus versos, minhas palavras e meus valores.
Não me contive e continuei a olhar tal paisagem, agora não mais o mar belo
Fixei meu olhar na caixa
Entendi meus dias de Paraty e tudo a sua volta, sua feira, seus livros e seus sonhos
Voltas que a vida se certifica em dar, mesmo de tão longe
Em tão longe olhar, vi em mim mesmo a solidão
Vi o quanto aquela caixa traria de esperança e de alimento
Não eram apenas palavras, não eram só esperanças
Eram minhas fantasias e minhas orações deturpadas
Eram sonhos, histórias mal contadas
Eram meus valores, meus desejos e virtudes
Eram meus defeitos e mazelas, às vezes infrutíferas
Era tudo e é tudo que existe em mim.