Suicida nasceu no Iraque e foi expulso da mesquita de Luton

Polícia de Estocolmo considera que autor de atentado não actuou sozinho.

“Nunca soube que o meu marido se tornara num terrorista.” Esta foi a reacção de Mona Thwany à notícia de que Taymour Al-Abdaly se fizera explodir sábado numa movimentada rua de Estocolmo. E enquanto a viúva de Al-Abdaly e mãe dos seus dois filhos pequenos se afirma “devastada” pela situação, a polícia sueca intensifica as suas investigações, convencida de que o suicida terá tido apoios. Ao mesmo tempo que surgem notícias de que Taymour Al-Abdaly fora expulso de uma mesquita de Luton por ser demasiado radical.

Tomas Lindstrand, o procurador encarregado da investigação, disse ontem à imprensa em Estocolmo que “aparentemente, o autor do atentado estava só no momento em que se fez explodir. Mas, diz-nos a experiência, deve haver mais pessoas envolvidas na acção. De alguma forma, terá contado com colaboradores”.

Por seu turno, a ministra da Justiça, Beatrice Ask, revelou que o seu país recebeu um “apoio inacreditável” da parte de outros países para realizar a investigação em curso. Fonte dos serviços secretos suecos (Säpo) revelou que o FBI enviou uma equipa de sete peritos em explosivos para ajudar a esclarecer as circunstâncias do atentado, enquanto Oslo e Londres ofereceram também a sua ajuda. Aliás, a Scotland Yard iniciou também a sua própria investigação tendo em conta as ligações que o suicida, nascido no Iraque mas com nacionalidade sueca, mantinha no Reino Unido.

Oriundo do Iraque, Wahab Al-Abdaly tinha 11 anos quando chegou com a família à Suécia. Tudo indica que se integrou bem na sociedade que o recebeu e cujo país lhe deu a nacionalidade. Viveu com o pai, a mãe e duas irmãs na vila de Tranaas, 200 km a sul de Estocolmo, onde fez a sua formação académica. Como qualquer adolescente e jovem, frequentava festas com os seus amigos, “bebia álcool e tinha namoradas”, contou ao diário Expressen Jean Jalabian, companheiro de infância de Awhab.

Em 2001, porém, o jovem partiu para o Reino Unido para estudar fisioterapia desportiva na Universidade de Luton, actual universidade de Bedfordshire. Com uma população de 20 mil muçulmanos, Luton tem sido, de alguma forma, relacionada com uma rede de extremistas islâmicos a cuja influência o jovem não escapa.

Aparentemente, e segundo os seus vizinhos em Luton, a mulher com quem ali casou tinha opiniões bastante radicais e também o terá influenciado. Mona terá sido, há dois anos, uma das signatárias de uma petição online sobre a legalidade do uso do véu.

Qadeer Baksh, presidente do Centro Islâmico de Luton, uma mesquita no norte de Londres, afirmou que se opôs várias vezes às opiniões demasiado radicais de Wahab que advogava a obrigação da jihad (guerra santa). O último confronto terá sido em 2007: “Ele partiu batendo com a porta e nunca mais o vi”, disse Baksh. Wahab regressou, então, definitivamente à Suécia, deixando a mulher e os filhos em Luton. Preparava-se para partir para um país árabe. Desistiu: optou por fazer-se explodir numa rua de Estocolmo, acção que fez ainda dois feridos.

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Jorge Brandão

Fisioterapeuta, Osteopata, RPGista. Diretor da clinica Fisio Vida.

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